O exército israelense anunciou nesta sexta-feira (17/11) ter matado ao menos “cinco terroristas” na cidade de Jenin, reduto dos grupos armados palestinos na Cisjordânia ocupada, enquanto o Hamas confirmou a morte de três de seus combatentes “na batalha Tempestade de Al Aqsa”, nome dado pelo movimento islâmico ao ataque de 7 de outubro. A Cisjordânia, vizinha da Faixa de Gaza, vê o conflito se espalhar com cada vez mais violência.
Nesta manhã, os soldados de Israel retiraram-se de Jenin. O exército alegou ter realizado uma operação “antiterrorista” no local e descoberto “dispositivos explosivos caseiros colocados debaixo e ao longo das ruas para atacar as forças de segurança israelenses”.
Também anunciou que havia “atingido uma célula terrorista armada”, citando “seis armas confiscadas” e cerca de 15 “suspeitos presos”.
Durante a noite, veículos militares israelenses invadiram as ruas do campo de refugiados de Jenin, onde vivem 23 mil habitantes, segundo a ONU, que o administra. Drones israelenses sobrevoaram o local, enquanto os palestinos atiravam pedras e pelo menos um explosivo contra os veículos. Os soldados dispararam algumas granadas de gás lacrimogêneo antes de trocas de tiros ecoarem em Jenin, de onde subiam colunas de fumaça negra.
Huwara isolada
A 60 quilômetros de lá, as ruas mais movimentadas de Huwara, pequena cidade palestina, estão desertas e os comércios, fechados. Apenas soldados israelenses são vistos, enquanto os moradores estão escondidos nas ruas adjacentes.
“O exército israelense e os colonos fecharam tudo! Eles nos forçaram. Agora temos de ir a Nablus para comprar mantimentos básicos”, disse Fatmé, uma senhora idosa, à RFI. “Não há comércio, não há trabalho, as pessoas estão cansadas e com fome. Eles nos punem assim.”
A “punição coletiva” já dura mais de 40 dias, após o início da guerra em Gaza. Os confrontos recorrentes entre os moradores do vilarejo e os assentamentos israelenses vizinhos também se acentuaram desde então.
Para Ahmed, também entrevistado pela RFI, Israel tem apenas um objetivo: continuar a colonização e expulsar os palestinos: “Há ministros israelenses que são colonos, extremistas, que pressionam o seu governo para que os habitantes de Huwara saiam, destruam esta aldeia economicamente. Eles querem a destruição total”, alega.
Reprodução/ @idfonline
Cisjordânia, vizinha da Faixa de Gaza, vê o conflito se espalhar com cada vez mais violência
Os moradores de Huwara, como em outras partes da Cisjordânia, não cogitam partir, apesar do aumento da pressão e das condições de vida degradantes. Desde 7 de Outubro, o exército israelense tem bombardeado incessantemente a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, e aumentado as suas incursões na Cisjordânia, particularmente em Jenin e no seu movimentado campo de refugiados.
Na Cisjordânia, um território palestino ocupado desde 1967 por Israel, cerca de 200 palestinos foram mortos por colonos e soldados israelenses desde a eclosão do conflito, segundo o Ministério da Saúde palestino.
Corpos de dois reféns recuperados por Israel
O Exército de Israel informou nesta sexta que encontrou em Gaza o corpo de Noa Marciano, uma militar de 19 anos que havia sido sequestrada pelo Hamas e que teve a morte anunciada no início da semana. “O corpo de Noa Marciano (…) foi retirado pelas tropas do Exército israelense de uma estrutura anexa ao hospital Al Shifa, na Faixa de Gaza, e foi levado para o território israelense”, afirma um comunicado militar.
O movimento islâmico palestino divulgou na segunda-feira (13/11) uma imagem de Noa Marciano morta e afirmou que ela faleceu em um bombardeio israelense. Na terça-feira (14/11), Israel confirmou o óbito.
Este é o segundo corpo de refém encontrado em menos de 24 horas pelo Exército israelense no território palestino. O exército anunciou na quinta-feira (15/11) que encontrou, também nas imediações do hospital Al Shifa, o cadáver de Yehudit Weiss, 65 anos, uma refém “assassinada pelos terroristas da Faixa de Gaza” depois de ter sido sequestrada pelo Hamas em 7 de outubro no kibutz de Beeri, sul de Israel.
Noa Marciano foi sequestrada no mesmo dia na base de Nahal Oz, perto da Faixa de Gaza, durante o ataque inédito executado pelo Hamas, que resultou nas mortes de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses.
Quase 240 reféns, entre civis e militares, foram levados pelo Hamas para Gaza no mesmo dia, segundo o Exército. Em represália, Israel bombardeia desde então o território palestino, onde já morreram mais de 11,5 mil pessoas, a maioria civis, segundo o Hamas.