Cerca de 1,1 milhão de crianças palestinas que vivem na Faixa de Gaza podem morrer de fome ou por doenças, alertou nesta sexta-feira (23/02) ONG Save the Children.
Segundo a ONG, todas as crianças na Faixa de Gaza enfrentam possibilidade de morte por fome ou doenças devido à impossibilidade de enviar ajuda humanitária com segurança à região desde que começou a ofensiva militar israelense no território, em retaliação aos ataques do grupo islâmico Hamas, em 7 de outubro, em Israel.
A Save the Children destacou que o risco de fome continuará a aumentar enquanto Israel impedir a entrada de ajuda, incluindo alimentos, água e produtos de higiene.
A ONG acrescentou que, entre (01/01) e (15/02), mais de 50% dos pedidos para trabalhos de ajuda humanitária e avaliação em áreas do norte de Gaza foram negados pelas autoridades israelenses.
Outras organizações como o Programa Alimentar Mundial (PAM), a OMS e a Unicef também alertaram, na segunda-feira (19/02), que a desnutrição aguda entre crianças, mulheres grávidas e lactantes em Gaza aumenta acentuadamente – com situação especialmente grave no norte -, o que está prestes a causar uma “explosão de mortes”.
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Segundo organização Save The Children, Israel continua impedindo entrada de ajuda humanitária
Israel bloqueia até mesmo o envio de farinha. Soldados israelense filmam-se enquanto destroem e queimam depósitos de alimentos em Gaza.
Segundo organizações humanitárias, 25 mil crianças ficaram órfãs e mais de dez crianças perdem pelo menos um membro do seu corpo todos os dias.
“Gaza se tornará um lugar onde nenhum ser humano poderá existir”, vangloriou-se um ex-general das Forças de Defesa de Israel (IDF). “Haverá apenas destruição. Vocês queriam o inferno; vocês vão para o inferno”, declarou outro oficial israelense. Estes objetivos foram concretizados rapidamente: um porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários alertou em novembro passado que Gaza já se tinha tornado “o inferno na Terra”.
Conivência ocidental com o genocídio em curso
Presidente dos EUA Joe Biden contornou o Congresso duas vezes em dezembro passado para aprovar a venda emergencial de armas a Israel. Os apelos de organizações de direitos humanos para que o governo britânico suspendesse as vendas de armas foram ignorados (a Inglaterra exportou armas no valor de 489 milhões de libras para Israel desde 2015), e o governo britânico continuou a fornecer treinamento a oficiais militares israelenses.
Quando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo imediato, os Estados Unidos usaram o seu poder de veto para garantir que não fosse aprovada. No Reino Unido, uma moção apresentada pelo Partido Nacional Escocês apelando a um cessar-fogo imediato foi totalmente rejeitada na Câmara dos Comuns por uma maioria de 168 votos.
Enquanto a África do Sul apresentava um caso meticuloso na Corte Internacional de Justiça (CIJ) acusando Israel de genocídio, o governo alemão foi rápido em rejeitar a acusação, e quando a decisão provisória confirmou um risco plausível de genocídio em Gaza, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico expressou “preocupações consideráveis” com o caso do CIJ.
As acusações do governo israelense – que permanecem sem fundamento – de que funcionários da UNRWA estavam envolvidos nos ataques de 07 de outubro, vários governos ocidentais, incluindo a Austrália, o Reino Unido, os Estados Unidos, a Itália, a Áustria e Alemanha suspenderam o seu financiamento, paralisando uma das poucas chances de sobrevivência restantes dos refugiados palestinos.
Desde então, a Anistia Internacional denunciou a decisão “cruel” dos Estados. A agência da ONU é o principal fornecedor de ajuda humanitária em Gaza e já estava lutando para sanar as necessidades dos palestinos, especialmente tendo em conta que apenas uma “gota de ajuda” tem entrado em Gaza à medida que o bombardeio continua. O chefe da ajuda humanitária da ONU descreveu Gaza como a pior crise humanitária em dezembro: agora, os palestinos, incluso crianças, recorrem ao consumo de grama, de ração animal e de água poluída, enquanto os bebês recém-nascidos morrem de fome e de doenças à medida que a fome se torna iminente.
Diante da crise humanitária Netanyahu quer fechar a UNRWA
Netanyahu, que sublinhou que os objetivos da campanha militar eram “aniquilar” o Hamas, também prevê desativar a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) do qual milhares de crianças tem acesso a ajuda.
O diretor da agência, Philippe Lazzarini, advertiu na quinta-feira (22/02) que a UNRWA está “quase quebrando” depois que 16 países suspenderam seu financiamento.
Segundo a mídia árabe, os mediadores intensificaram os esforços para garantir um cessar-fogo em Gaza, na esperança de impedir um ataque israelense à cidade de Rafah, onde mais de um milhão de pessoas deslocadas estão abrigadas no extremo sul de Gaza.