Após o governo de Israel afirmar que o fornecimento de água para a Faixa de Gaza foi retomado, o Ministério do Interior da Palestina corrigiu a informação, apontando esta segunda-feira (16/10) como o décimo dia consecutivo que a região vive sob falta de bombeamento de água potável pelo cerco israelense.
“Israel não bombeou nenhum litro de água potável para nenhuma das províncias da Faixa de Gaza, que sofrem uma crise muito grave”, informou o comunicado do porta-voz da pasta palestina, Iyad Al-Bazm.
O representante ainda alertou que a privação israelense força os cidadãos palestinos, mais de dois milhões em Gaza, a beberam água imprópria, “o que pressaga uma crise de saúde e é séria ameaça à vida dos cidadãos”.
A resposta palestina veio após o ministro das Energias de Israel, Israel Katz, afirmar por meio das redes sociais no último domingo (15/10) sua participação no acordo entre o primeiro-ministro Benjamim Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos Joe Biden para reestabelecer o fornecimento de água para a região.
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Além de água, palestinos em Gaza também estão sem acesso a alimentos e energia
Segundo Katz, o acordo teve seu apoio porque o fornecimento de água ao sul de Gaza “também era do interesse de Israel”, complementando que se opõe “veemente à abertura do bloqueio e à introdução de mercadorias em Gaza por razões humanitárias”.
תמכתי בסיכום בין רה”מ נתניהו לנשיא ביידן לאספקת מים לאזור דרום עזה כי זה תאם גם את האינטרס הישראלי. אני מתנגד בתוקף לפתיחת המצור ולהכנסת סחורות לעזה על רקע הומניטרי. מחויבותנו היא למשפחות הנרצחים ובני הערובה החטופים – ולא למרצחי החמאס ומי שסייעו להם.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) October 16, 2023
Katz ameaçou na última quinta-feira (12/10) que a Faixa de Gaza não teria acesso a água “até que os cativos fosse libertados”. O ministro fez assim menção à acusação de sequestro de 150 cidadãos pelo grupo palestino Hamas, em seus ataques no sábado (07/10), mas sem mais detalhes.
Desde a imposição do “cerco total” de Israel à Faixa de Gaza em 9 de outubro, a região está impedida de acessar água, alimentos, combustível e energia, além de ser restrita à ajuda humanitária que diversos países tentam organizar para a população civil.
Na última semana, a Cruz Vermelha chegou a informar que três em cada cinco estações de tratamento de água em Gaza estavam fora de funcionamento. Segundo as Nações Unidas, cerca de 650 mil pessoas estão sem acesso à água.