O que era para ser uma manhã comum no bairro de Wadi al-Joz, próximo à Cidade Velha de Jerusalém ocupada, se tornou mais um palco de hostilidades.
Já nas primeiras horas do dia, dezenas de fiéis palestinos foram surpreendidos pelas forças israelenses, que pulverizaram “água gambá”, conhecido como “skunk water”. A ferramenta tem sido comumente utilizada contra o povo palestino em uma tentativa de “humilhar” e evacuar os civis.
Os ataques desta sexta-feira (29/12) aconteceram logo depois que os religiosos foram barrados de entrar na mesquita de Al-Aqsa, como resultado das medidas rigorosas impostas pelas autoridades de Tel Aviv para o ingresso ao local sagrado.
Sem opção, o grupo se direcionou ao bairro de Wadi al-Joz para a realização dos rituais. No entanto, foi justamente nesse caminho que a polícia israelense reprimiu os religiosos.
De acordo com a agência de notícias Wafa, além da “água gambá”, os policiais também usaram balas de metal revestidas de borracha e gás lacrimogêneo, o que acabou ferindo e asfixiando dezenas de vítimas no local.
Em uma sexta-feira comum, a mesquita de Al-Aqsa chega a receber até 70 mil pessoas. Neste dia, apenas 12 mil puderam entrar no templo sagrado para as orações. A polícia israelense também submeteu os fiéis a revistas, examinando seus cartões de identidade e proibindo a entrada de pessoas fora da cidade de Jerusalém.
Twitter/babadookspinoza
Forças israelenses hostilizam fiéis palestinos com gás lacrimogênio e "água gambá"
O complexo de Al Aqsa é um dos lugares mais importantes para o Islã, mas também é relevante para o judaísmo. Por isso, tem sido foco de tensões entre Israel e o povo palestino durante décadas.
Inclusive, a mesquita sagrada de Jerusalém já foi alvo de invasões e ataques das Forças de Defesa de Israel (IDF) em diversas ocasiões desde o início do governo de Benjamin Netanyahu. Algumas dessas ações ao local chegaram a produzir mortos e feridos, e foram repudiadas por organismos internacionais de proteção aos direitos humanos.
Vale lembrar também que a “água gambá” foi usada em 2008 pela primeira vez, quando Israel pulverizou o líquido contra manifestantes na aldeia palestina de Ni’lin, na Cisjordânia ocupada. Desde então, a ferramenta tem sido usada regularmente em canhões de água contra bairros palestinos com o objetivo estratégico de promover deslocamentos e evacuações.