Com o agravamento dos ataques israelenses à Faixa de Gaza, o governo da Bolívia decidiu romper as relações diplomáticas com Israel nesta terça-feira (31/10), acusando o Estado hebraico de cometer “crimes contra a humanidade”.
De acordo com o vice-chanceler Freddy Mamani, a decisão se dá em “repúdio” à conduta israelense sobre o povo palestino e condenou a “agressiva e desproporcional ofensiva militar”, na qual considera uma “ameaça para a paz e segurança internacional”.
“A Bolívia decidiu romper relações diplomáticas com o Estado de Israel. Diante disso, vamos comunicar oficialmente, através dos canais diplomáticos estabelecidos entre os dois países, este comunicado alinhado com os princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas”, declarou o vice-chanceler.
O anúncio foi feito em coletiva, ao lado da ministra da Presidência, María Nela Prada, que ressaltou sua “posição de princípio de respeito à vida” e afirmou que o comunicado será oficialmente enviado ao Estado de Israel.
Nesta segunda-feira (30/10), o presidente da Bolívia, Luis Arce, reuniu-se com o embaixador da Palestina, Mahmoud Elalwani, e manifestou o seu repúdio ao que está acontecendo na Faixa de Gaza.
Assim como Arce, a ministra Prada exigiu o fim dos ataques no território e condenou “o tratamento hostil de Israel às equipes internacionais que prestam ajuda humanitária na Faixa de Gaza”, reafirmando também o repúdio do Estado Plurinacional da Bolívia para “as claras violações do direito humanitário internacional” denunciadas pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, no Conselho de Segurança:
Twitter/Cancillería de Bolivia
À esquerda, ministra da Presidência da Bolívia, María Nela Prada; à direita, vice-chanceler Freddy Mamani
“Em 2022 e 2023, no que diz a respeito declarar o mundo uma zona de paz, apelamos ao diálogo e a soluções estruturais que respeitem a vida e evitem uma nova escalada do conflito em nível mundial”, disse Prada.
A ministra da Presidência também fez um apelo às comunidades da América Latina para “produzir” ações coletivas que permitam encontrar “soluções estruturais para os conflitos”, além de defender “sanções contra os responsáveis pelos crimes de guerra que estão sendo cometidos contra o povo palestino há muitos anos”.
O rompimento de laços entre as nações ocorre no momento em que Israel amplia os ataques contra a Faixa de Gaza para “eliminar o Hamas”, provocando uma série de mortes de civis palestinos, incluindo crianças, idosos e mulheres. De acordo com os dados recentes do Ministério da Saúde de Gaza, mais de 8.525 morreram pelas forças armadas israelenses.
Gaza: ‘Um cemitério para milhares de crianças’
Nesta terça-feira (31/10), a Organização das Nações Unidas disse que Gaza se tornou “um cemitério para milhares de crianças”. Mais de 3.450 crianças palestinas perderam a vida desde 7 de outubro:
“Nossos piores temores de que o número de crianças mortas se transformasse em dezenas, depois em centenas e, finalmente, em milhares, se concretizaram no espaço de duas semanas”, disse James Elder, porta-voz da Unicef, em um comunicado.
“Os números são terríveis: acredita-se que mais de 3.450 crianças tenham sido mortas, e é impressionante ver que esse número está aumentando a cada dia”, enfatizou. “Gaza se tornou um cemitério para milhares de crianças”.