A cidade de Amã, capital da Jordânia, foi testemunha de uma das maiores manifestações de sua história, nesta sexta-feira (13/10), com centenas milhares de pessoas nas ruas exigindo ao governo do país que se posicione a favor dos residentes da Faixa de Gaza, diante da forte ofensiva de Israel contra a cidade palestina.
Ao final do ato, parte dos manifestantes iniciou uma marcha em direção à fronteira do país com a Cisjordânia, que assim como Gaza também pertence à Autoridade Nacional Palestina (ANP), e que também está sob ataque israelense, embora menos intenso.
Vale lembrar que grande parte da população da Jordânia é formada por palestinos, muitos deles descendentes de famílias que, em 1948, foram expulsas do território que hoje é ocupado por Israel, durante o “Nakba”, como é conhecida pelos árabes a maior “catástrofe” (significado de “nakba” em idioma árabe) da história desse povo.
Huge support to Palestine ?? by Jordan. pic.twitter.com/82pWQ0JQ2m
— Allah Islam Quran (@AllahGreatQuran) October 13, 2023
A mobilização jordaniana não é um fato isolado. Durante esta semana, outras grandes mobilizações foram presenciadas no Cairo, capital do Egito, em Bagdá, no Iraque, e em Saná, no Iêmen.
Os atos mais massivos apontam diretamente à contradição entre o barulho desses grandes movimentos e o silêncio dos governos desses respectivos países.
Até o momento, os governos do Egito, Jordânia, Líbano, Iraque, Iêmen e outros pertencentes à região têm evitado se pronunciar sobre os acontecimentos, especialmente no que diz respeito a confrontar ou mesmo tecer críticas com relação à forma como Israel tem atuado nos últimos dias.
Jordan Times
Jordanianos nas ruas de Amã expressaram fortemente sua solidariedade com os palestinos
Alguns governos, como Líbano e Egito, ofereceram ajuda humanitária aos palestinos. Amã e Cairo também asseguram ter enviado diplomatas a Tel Aviv, para tentar negociar uma trégua e frear os bombardeios a Gaza. Enquanto isso, outros setores das sociedades árabes, como entidades acadêmicas, sindicatos e organizações sociais têm questionado essas supostas ajudas, que consideram insuficientes.
Além dos atos nas ruas, comunidades no Egito e na Jordânia vêm realizando comunicados, abaixo-assinados e outras iniciativas que buscam mobilizar diferentes tipos de apoio aos palestinos.
Na quarta-feira (11/10), dez das mais prestigiosas organizações egípcias que atuam em causas de direitos humanos assinaram uma declaração conjunta apelando ao governo do país e à comunidade internacional para que “façam todo o possível para entregar ajuda urgente a Gaza, abrir corredores humanitários e forçar Israel, como potência invasora, a levantar o cerco à Faixa de Gaza”.
O Sindicato dos Jornalistas no Cairo e o movimento estudantil do país também realizaram mobilizações próprias.
Além dos árabes, turcos e persas também têm se mobilizado. Os atos políticos em favor da Palestina foram numerosos em cidades da Turquia e Irã. No caso do segundo, ao menos, existe sim um apoio do governo à causa palestina, ao menos em forma de declarações explícitas.
Nas redes sociais, os trend topics dentro dos países árabes mostram um forte apoio aos palestinos, enquanto o repúdio não é apenas ao governo de Israel e aos governantes árabes por sua falta de atitude. Também há um forte tom de crítica à posição dos países do Ocidente (especialmente Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia) por sua ambiguidade ao condenar os ataques da Rússia à Ucrânia, mas apoiar a mesma ação impulsionada por Tel Aviv contra Gaza.