Os riscos de uma ofensiva terrestre israelense na Faixa de Gaza, que pode ser longa e cheia de armadilhas, são analisados pelos jornais franceses nesta quinta-feira (26/10).
Em seu editorial, o diário conservador Le Figaro diz que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, “mais hesitante do que suas declarações sugerem, não cedeu à impulsividade da vingança – e ninguém pode culpá-lo por isso”. Ele está sob pressão de países muçulmanos indignados com o fato de os bombardeios israelenses já terem “matado mais crianças em Gaza do que na Ucrânia”, cita o texto.
Norte-americanos e europeus querem que Israel dê prioridade aos esforços para libertar os reféns em poder do Hamas e questionam a relevância de seus planos de guerra, assinala o editorial do Le Monde. Por outro lado, o Exército israelense afirma estar de prontidão e aguarda apenas o sinal verde de Netanyahu para avançar.
Na opinião do Le Figaro, Netanyahu está diante de um impasse: “Mesmo que a missão de 'erradicar' o movimento islâmico palestino se mostre militarmente impossível, a opção de negociar com o Hamas é inaceitável nesse estágio”, afirma o editorial.
Israel Defense Forces/Twitter
Soldados israelenses podem enfrentar poderosa rede de túneis do Hamas, na Faixa de Gaza
Os soldados israelenses podem cair numa cilada quando tiverem de enfrentar a poderosa rede de túneis do Hamas, na Faixa de Gaza, onde o movimento estoca suas armas e mantém mais de 200 reféns em cativeiro, aponta o Le Parisien. São mais de 500 km de túneis subterrâneos, em alguns trechos divididos em dois andares, a 70 metros de profundidade.
Generais na reserva entrevistados pelo Le Parisien afirmam que os soldados israelenses enfrentariam “uma guerra longa” e com restrições, já que dinamitar os túneis do Hamas ou enviar gases asfixiantes para matar combatentes do movimento islâmico também seria fatal para os reféns.
O jornal Libération analisa a situação na fronteira de Israel com o Líbano, onde os ataques do movimento xiita libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, têm se multiplicado nos dois lados na divisa.
Na opinião do Libération, o Irã, que também patrocina o Hamas e a Jihad Islâmica, a segunda facção palestina radical, não teria interesse num conflito regional no estágio atual. Moradores dos dois lados da fronteira foram retirados e só têm uma expectativa: que não ocorra uma guerra e que todos possam voltar para casa, mostram as reportagens do Libération.