O fotógrafo palestino Mohammed Zaanoun registrou nesta terça-feira (17/10), um homem procurando seus filhos sob os escombros em Rafah, cidade fronteiriça com o Egito, após os ataques aéreos israelenses.
O vídeo de alguns segundos, verificado pela Al Jazeera, mostra o homem gritando o nome de seus filhos entre os escombros após os bombardeios. A legenda diz “ele chamou seus filhos para que sua voz fosse ouvida sob os escombros”.
As autoridades de saúde de Gaza informaram também nesta terça (17/10) que, de acordo com as chamadas de socorro recebidas, cerca de 1.200 pessoas, entre elas 500 crianças, podem estar presas sob escombros após ataques aéreos de Israel na Faixa de Gaza.
Apesar da emergência, as autoridades palestinas não conseguem efetuar os resgates, tanto pela escassez de ambulâncias e o colapso do sistema de saúde de Gaza, quanto pelos demais bombardeios.
A rede Associated Press (AP) registrou Ali Ahda, um palestino de 37 anos residente da Cidade de Gaza, ao tentar prestar socorro aos vizinhos de seu prédio residencial.
Twitter/Ramy Abdu
Mais de mil pessoas estão presas sob escombros após ataques no sul de Gaza
Segundo seu relato tomado pela AP, as equipes de resgate “nunca apareceram”, assim “ele e seus amigos correram para fora de chinelos, vasculharam os escombros e lutaram para tirar homens e mulheres cobertos de sangue das ruínas com cobertores. Quando viram uma ambulância correndo pela rua em direção ao Hospital Shifa, eles a perseguiram, batendo nas janelas para fazê-la parar e poder espremer os vizinhos para dentro”.
“Há pessoas como nós usando as mãos e não temos experiência em fazer essas coisas. Não há infraestrutura ou capacidade”, disse ele à agência.
Um médico em Gaza, Ahmad Shaheen, falou sobre a situação após os ataques aéreos. Segundo registro do jornal Al Jazeera, é possível ouvir as vítimas gritarem embaixo dos escombros, mas não resgatá-las;
“A situação está cada vez pior. O bombardeio continua, não para. Eles estão bombardeando de todos os lados – de aeronaves, do mar, do solo. Os hospitais estão cheios de feridos, de mortos. Não há espaço nas geladeiras para colocar os cadáveres. O medo não pode ser descrito”, disse ele.
Até o momento, os ataques aéreos israelenses deixaram 80 mortos em Khan Younis, Rafah e Deir el-Balah, segundo o grupo palestino Hamas.