O movimento palestino Hamas disse em declarações publicadas na sexta-feira (27/10) no jornal russo Kommersant que está à espera de um cessar-fogo de Israel para poder libertar os reféns. De acordo com o grupo, os prisioneiros de guerra israelenses serviriam como troca com civis palestinos que estão presos em Israel.
“Centenas de cidadãos e dezenas de militantes de várias organizações palestinas entraram nos territórios ocupados em 1948 e, após a queda da Divisão Israelense de Gaza, capturaram dezenas de pessoas, a maioria civis, e precisamos de tempo para encontrá-los na Faixa de Gaza e depois libertá-los”, disse Abu Khamid, um representante do grupo, durante uma visita a Moscou, acrescentando que tal tarefa requer um ambiente calmo.
De acordo com o jornal hebraico The Jerusalem Post, há 229 israelenses mantidos como reféns do grupo desde os ataques em 7 de outubro. Foram relatados a libertação de quatro pessoas até o momento.
Segundo Khamid, os bombardeios das Forças de Defesa Israelenses (FDI) também já mataram “50 prisioneiros até agora”.
Centenas de familiares de reféns e desaparecidos israelenses se reuniram nesta quinta-feira (26/10) em Tel Aviv para mandar uma mensagem ao governo de Benjamin Netanyahu: “Nossa paciência acabou. Tragam os reféns de volta, agora!”.
“Pedimos que o governo fale conosco neste noite e nos diga como pretende trazê-los de volta. Estamos intensificando a luta, não esperaremos mais para sermos guiados”, disse Meirav Leshem Gonen, mãe de uma jovem raptada.
Mediação russa
As declarações acontecem após a Rússia informar nesta quinta-feira (26/10) que discutiu em um encontro com o Hamas, em Moscou, a questão da liberação dos reféns e evacuação dos russos da Faixa de Gaza.
Segundo a agência de notícias Tass, a delegação palestina encontrou o vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, enviado especial da Rússia para o Oriente Médio e a África.
Israel Defense Forces/Twitter
Segundo Hamas, ataques de Israel a Gaza também já mataram "50 prisioneiros até agora"
No encontro foi discutida “a liberação imediata dos reféns estrangeiros na Faixa de Gaza e a questão da garantia de evacuação dos cidadãos russos e estrangeiros do território do enclave palestino”.
Em reação, o porta-voz da chancelaria israelense escreveu, nas redes sociais: “Hamas é uma organização terrorista pior que o Isis. Israel condena o convite de representantes do Hamas a Moscou. Um ato de apoio ao terrorismo que legitima as atrocidades. Pedimos ao governo russo que expulse os terroristas imediatamente”.
A visita acontece em meio ao conflito entre Israel e Hamas. Tel Aviv acusa o grupo da Faixa de Gaza de atrocidades cometidas após sua entrada em Israel em 7 de outubro, enquanto a comunidade internacional condena as forças militares israelenses como responsáveis por milhares de palestinos mortos desde então.
Embates
O The Jerusalem Post informou também nesta sexta que unidades de infantaria e veículos blindados e de engenharia da 36ª Divisão das Forças de Defesa de Israel (FDI) executaram uma incursão na Faixa de Gaza, com o objetivo de atacar “o Hamas” e “alvos terroristas”.
Na quinta-feira (26/10) Daniel Hagari, porta-voz das FDI, declarou que as incursões de militares israelenses em Gaza preparam o terreno para a próxima etapa da operação militar, e que ocorrerão nos dias seguintes.
As FDI informaram por meio das redes sociais que Madhath Mubashar, Comandante do Batalhão Ocidental Khan Yunis do Hamas, “foi eliminado por um ataque aéreo”.
“Além disso, as FDI atingiram mais de 250 alvos do Hamas, incluindo uma rede de túneis terroristas em Gaza que detonou as explosões secundárias”, completou o informe.
Por sua vez, fontes palestinas afirmaram ao jornal catari Al Jazeera que as FDI “realizaram durante a noite uma incursão muito limitada nos arredores da cidade de Beit Hanoon, ao norte da Faixa de Gaza, bem como no campo de refugiados de al-Bureij”.
(*) Com Ansa e Sputniknews