O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, garantiu ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que a ajuda militar norte-americana estava “a caminho”, durante visita surpresa a Kiev na terça-feira (14/05). As declarações foram feitas em meio a uma nova ofensiva russa no nordeste da Ucrânia.
“A ajuda está a caminho, uma parte dela já chegou, mais chegará mais e fará uma verdadeira diferença no campo de batalha”, prometeu Blinken durante encontro com Zelensky.
Os Estados Unidos, num contexto de disputas internas entre republicanos e democratas, demoraram meses para liberar cerca de U$ 61 bilhões em assistência que tinha sido prometida pela Casa Branca. A espera foi longa e o Exército ucraniano ficou sem armas no momento da contraofensiva russa entre o final de 2023 e começo de 2024.
O presidente ucraniano insistiu na necessidade de receber mais meios de defesa aérea, solicitando duas baterias Patriot para a região de Kharkiv, que é alvo de um ataque terrestre russo desde 10 de maio e que tem sofrido intensos bombardeios nos últimos meses em sua rede de fornecimento elétrico, que levaram ao racionamento de energia e apagões.
Esta é a quarta visita de Blinken a Kiev desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022. O chanceler norte-americano chegou de trem noturno à capital ucraniana vindo da Polônia.
Três semanas após a disponibilização da assistência norte-americana, os Estados Unidos liberaram cerca de U$ 1,4 bilhões em ajuda militar para utilizar seus estoques, principalmente sistemas antiaéreos Patriot e NASAMS, de que a Ucrânia precisa, além de munições para artilharia.
Tranquilizar os ucranianos
O fluxo de entrega de ajuda deve acelerar consideravelmente para compensar os meses perdidos, especialmente porque a Rússia, que aproveitou a vantagem no campo de batalha desde outubro, tem reservas de homens e armas e criou uma economia de guerra.
“Esta viagem visa, em primeiro lugar, enviar uma mensagem forte para tranquilizar os ucranianos que estão claramente numa situação muito difícil, tanto devido à intensificação dos combates no lado oriental, mas também porque os russos estão agora expandindo seus ataques transfronteiriços a Kharkiv”, disse aos repórteres um alto funcionário dos EUA a bordo do trem que transportava o secretário de Estado.
A Rússia lançou uma ofensiva surpresa na sexta-feira (10/05) contra a região de Kharkiv, cuja capital, de mesmo nome, é a segunda cidade da Ucrânia e está localizada perto da fronteira comum.
Segundo o Estado-Maior ucraniano, a Rússia obteve “sucessos táticos” e cerca de trinta pequenas cidades estão “sob fogo inimigo”. Cerca de 7.000 pessoas foram retiradas da região.
A operação causa receios de um avanço russo face a um Exército ucraniano sem recursos e que já estava sob forte pressão nos fronts oriental e Sul. O presidente Zelensky garantiu na noite de segunda-feira (13/05) que estavam “contra-atacando” na região de Kharkiv e que o setor tinha sido reforçado.
Numa entrevista à AFP, o chefe da segurança nacional ucraniana, Oleksandr Lytvynenko, indicou que “mais de 30 mil” soldados russos atacavam nesta área.
No entanto, ele estimou que, de momento, nenhuma “ameaça” pesava sobre a grande cidade de Kharkiv, situada a cerca de 30 quilômetros da zona de combate e que tinha quase um milhão e meio de habitantes antes da invasão russa.
As forças russas entraram através de “aldeias localizadas na própria fronteira, difíceis de serem defendidas”, explicou à AFP Volodymyr Oussov, administrador do distrito militar de Kharkiv.
“Eles estão em terreno elevado e nos bombardeiam a partir daí, e com o seu número superior de infantaria lançam ataques às nossas posições”, continuou ele, que está num posto de controle nos arredores de Kharkiv.
Além disso, durante a noite de segunda-feira, um ataque russo contra Kharkiv deixou duas pessoas feridas, segundo as autoridades locais.
A Força Aérea Ucraniana também anunciou que destruiu 18 drones explosivos Shahed, projetados pelo Irã, lançados pela Rússia em várias regiões durante a noite.
Do lado russo, o Ministério da Defesa anunciou que 25 foguetes ucranianos RM-70 Vampire foram interceptados pela defesa aérea na região de Belgorod.