Boris Johnson, antigo primeiro-ministro do Reino Unido, afirmou, em uma série documental chamada Putin contra o Ocidente, produzida pela emissora estatal britânica BBC, que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou bombardear o Reino Unido em 2 fevereiro de 2022, antes do início do conflito entre Moscou e Kiev.
O ex-premiê britânico, que anunciou sua renúncia ao cargo em julho de 2022, após escândalos ligados ao descumprimento de medidas de prevenção contra a covid-19 em seu gabinete, contou que conversou com o líder russo por meio de um telefonema.
De acordo com Johnson, Putin teria lhe ameaçado durante um ponto da ligação, que tratava de um apoio hipotético da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aos países que dividem fronteiras com a Rússia, caso houvesse uma guerra: “Boris, não quero machucá-lo, mas, com um míssil, levaria apenas um minuto ou algo do tipo”, disse o britânico.
Segundo o veículo inglês Guardian, o ex-premiê do Reino Unido teria dito para os criadores do documentário que não interpretou a suposta fala de Putin como uma ameaça de fato. “Acredito que pelo tom muito relaxado que ele estava dando, o tipo de ar de distanciamento que [Putin] parecia ter, que ele estava apenas brincando com as minhas tentativas de o levar a negociar”, afirmou Johnson.
O político rapidamente se tornou um dos maiores apoiadores de Volodymyr Zelensky, e tem visitado Kiev mesmo após ter renunciado ao cargo de premiê.
kremlin.ru
Boris Johnson, antigo primeiro-ministro do Reino Unido, com Vladimir Putin, presidente da Rússia, em 2020
Resposta do Kremlin
Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, rechaçou a alegada ameaça do presidente russo contra Boris Johnson, negando as declarações dadas pelo antigo primeiro-ministro britânico nesta segunda-feira (30/01).
“Não, o que o senhor Johnson disse não é verdade, ou melhor, é mentira”, afirmou Peskov em uma coletiva de imprensa. O porta-voz continuou: “direi ainda que ou é uma mentira deliberada, para de propósito ele escolher relatar as coisas dessa maneira, ou foi [uma mentira] inconsciente”.
E ele ainda afirmou, diante dos jornalistas, que, “na realidade” Johnson “não entendeu o que o presidente Putin estava falando com ele. Nesse caso sinto algum constrangimento relativamente aos interlocutores de nosso presidente”.
Peskov também afirmou saber sobre o que foi a conversa de Putin com Johnson e repetiu “mais uma vez oficialmente: é mentira. Não houve nenhuma ameaça de ataques de mísseis”.
“Falando dos desafios à segurança russa, o presidente Putin observou que, se a Ucrânia aderisse à Otan, a colocação potencial de 'mísseis da Otan ou dos Estados Unidos perto de nossas fronteiras' significaria que qualquer míssil chegaria a Moscou em uma questão de minutos”, disse o porta-voz do Kremlin.
(*) Com Ansa e Sputnik.