Yevgeny Prigozhin, fundador da empresa militar Wagner PMC (ou Grupo Wagner), se recusou a assinar um contrato com o Ministério da Defesa da Rússia, situação que determinou o fim da participação deste na operação militar especial na Ucrânia.
A informação foi confirmada pelo presidente do Comitê de Defesa da Duma Federal (câmara baixa do Legislativo russo), Andrey Kartapolov, em coletiva realizada nesta quinta-feira (29/06).
Segundo o parlamentar, vários dias antes da tentativa de motim, o governo russo informou que “todos os combatentes que executam tarefas de combate devem assinar um contrato” com o Ministério da Defesa para poder continuar participando da operação militar na Ucrânia. Essa situação teria sido o verdadeiro motivo pelo qual Prigozhin e seu grupo de soldados mais leais organizaram uma reação.
“Todos os soldados passaram a seguir esta decisão, absolutamente correta. Todos, exceto o senhor Prigozhin”, observou Kartapolov. “Ele foi informado que os soldados que não assinassem novos contratos não participariam mais da operação militar. Em outras palavras, não haveria mais financiamento ou fornecimento de suprimentos”, acrescentou.
A versão de Kartapolov diz que “a rebelião do Wagner se resumiu a isso: em primeiro lugar estava o dinheiro; depois, as ambições estúpidas e exorbitantes (de Prigozhin); logo, surgiu uma tensão entre as partes envolvidas. Tudo isso combinado evoluiu para uma tentativa de alta traição, a partir de uma narrativa (de Prigozhin) criada para enganar seus camaradas de armas”.
TASS
Presidente do Comitê de Defesa da Duma Federa afirmou que Grupo Wagner não participará mais da operação militar na Ucrânia
A “tensão” mencionada pelo parlamentar russo chegou ao seu auge no sábado (24/06). Na noite anterior, Prigozhin acusou o exército russo de bombardear um acampamento do Wagner PMC nas proximidades de Rostov-no-Don, no Sul do país. A partir dessa situação, os combatentes organizaram um motim, tomaram a cidade e iniciaram uma marcha em direção a Moscou.
No mesmo sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, em um discurso televisionado, chamou a reação do Wagner de “traição imperdoável” e afirmou que haveria represálias, situação que não freou a marcha do grupo mais leal a Prigozhin rumo à capital do país. Ademais, o Serviço Federal de Segurança e a Procuradoria Geral russa abriram um processo sobre a acusação de provocar um motim armado, que poderia levar o empresário à prisão, com uma pena de entre 12 a 20 anos.
A situação só foi contornada no final do dia, quando o presidente da Bielorrússia, Aleksander Lukashenko, ofereceu asilo político a Prigozhin, o que selou o acordo que encerrou a rebelião.
Segundo Kartapolov, uma parte dos combatentes do Grupo Wagner chegou a assinar contratos com o Ministério de Defesa da Rússia e continuarão a participar da operação militar, agora que não estão mais ligados à empresa de Prigozhin.