O governo da Dinamarca protagonizou uma polêmica nesta quinta-feira (10/03) após pedir para refugiados sírios de Damasco e de outras cidades voltarem para seu país de origem, em meio à guerra civil, ao mesmo tempo que planeja abrigar os ucranianos que fogem da invasão russa.
A medida controversa foi divulgada enquanto as autoridades dinamarquesas elaboram uma lei para suspender as regras de asilo para refugiados ucranianos.
“Quando há guerra na Europa e um vizinho europeu é exposto ao que vemos na Ucrânia, não há a menor dúvida em minha mente: devemos ajudar da melhor maneira possível, acolher os ucranianos em solo dinamarquês”, disse o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Mattias Tesfaye.
Na prática, o projeto de lei facilitará o processo para os ucranianos receberem autorizações de residência “para que possam iniciar rapidamente a escola e o trabalho”.
O plano de acolhimento estaria de acordo com a União Europeia, que concede proteção temporária aos ucranianos, permitindo que eles entrem sem visto e escolham para qual país ir. Aos elegíveis, seria concedido o estatuto de refugiado em qualquer país do bloco por um período de um ano, tempo que poderia ser revisto no futuro.
Wikicommons
A decisão, no entanto, foi duramente criticada, e ativistas acusam o governo dinamarquês de “hipocrisia”, já que atualmente está pedindo aos refugiados sírios que voltem para casa apesar da guerra, colocando-os em perigo.
O Ministério da Imigração da Dinamarca, por sua vez, rebateu os comentários e disse que “todas as pessoas que buscam asilo no país têm os mesmos direitos”.
Segundo a pasta, cerca de 30 mil sírios que receberam autorização de residência na Dinamarca desde 2014 ainda vivem no país. Mas, de acordo com Michala Clante Bendixen, chefe da Refugees Welcome, a crise migratória de 2015 mostrou que, “se as pessoas vêm do Afeganistão ou da Síria, elas serão chamadas de migrantes até que tenham status de refugiado”. “Qual é a diferença?”, indagou.
Dados da ONU, a guerra na Ucrânia já gerou mais de 2,3 milhões de refugiados, sendo que a maior parte (1,4 milhão) cruzou a fronteira com a Polônia.