Após apurações exclusivas realizadas com o Batalhão de Azov, um grupo ucraniano de extrema direita, o jornal britânico The Guardian publicou uma matéria neste sábado (27/04) que conclui uma derrota iminente para a Ucrânia na guerra contra a Rússia.
O veículo conseguiu informações de “Maslo”, um sargento de 29 anos do primeiro batalhão da unidade, que reconheceu que os ataques de drones russos estão se proliferando no território ucraniano, o que reflete uma “mudança bem-sucedida de Moscou em direção a uma economia de guerra”.
O soldado ainda relatou à reportagem que o problema mais sério, neste momento, são as chamadas “bombas planadoras”, de alto alcance, e moderadamente precisas com riscos de causar estragos consideráveis aos que lutam na linha de frente do conflito.
Makas também foi ouvido pelo The Guardian, um sargento do segundo batalhão, que afirmou que “até 100 a 150 bombas planadoras podem ser lançadas em um setor por dia”. As armas são capazes de transportar de 500 kg a 1,5 tonelada de explosivos, podendo “eclodir uma cratera de 30 metros de largura com 7 a 10 metros de profundidade”.
“A Ucrânia moveu um de seus poucos sistemas de defesa aérea Patriot para a frente em fevereiro, derrubando 10 Su-34 e dois Su-35, de acordo com sua força aérea – mas no início de março um sistema avançado foi danificado por um míssil russo, subjacente à natureza arriscada da batalha ar-solo, embora tenha sido dito pelo Pentágono ter sido reparado cerca de uma semana depois”, afirma a reportagem.
Antes da recente aprovação norte-americana relativa ao repasse de um pacote bilionário de ajuda militar às autoridades ucranianas, Kiev passou por um longo hiato sem os recursos vindos de seu principal aliado e, também, enfrentou dificuldades pelo lento desenvolvimento da produção de armas do sistema europeu. Além disso, são relatadas fugas de ucranianos que se recusam a lutar na guerra, enquanto outros se concentram em encontrar unidades onde os comandantes não os exponham a riscos desnecessários.
A reportagem estima que a Rússia tinha 400.000 soldados lutando na Ucrânia, mas que o número está subindo para 500.000. Acrescenta ainda que há uma expectativa de que Moscou tente lançar uma ofensiva mais intensa em breve, embora haja sinais de que a intensificação já tenha começado.
Há quinze dias, o comandante-em-chefe da Ucrânia, coronel Oleksandr Syrskyi, informou que “a situação na frente oriental piorou significativamente” e que um período de tempo seco e quente estava facilitando novos ataques russos de caráter terrestre, via tanques e veículos blindados. Segundo a inteligência militar ucraniana, atualmente, 20.000 a 25.000 russos estão se concentrando a oeste de Bakhmut, perto de Chasiv Yar, com o objetivo de tomar terrenos do centro de Donbass.
“A amplitude das necessidades imediatas da Ucrânia é reconhecida na amplitude dos equipamentos fornecidos no pacote de US$ 1 bilhão dos Estados Unidos de quarta-feira, que incluem tiros de artilharia, mísseis antiaéreos portáteis Stinger, armas antitanque Javelin e veículos blindados Bradley. Um outro pacote de 500 milhões de libras anunciado pelo Reino Unido também inclui 400 veículos blindados”, detalha o The Guardian, apesar de que o envio de recursos não seja o suficiente para possibilitar uma “contraofensiva ucraniana”.
Para “Tavr” Bohdan Krotevych, chefe de gabinete de Azov, de 31 anos, os países considerados aliados até agora só forneceram armas visando produzir “um impasse que talvez seja confortável para o Ocidente, embora os civis continuem morrendo”.
De acordo com uma declaração dada por Matthey Savill, um analista do think tank Royal United Services Institute (Rusi) de Londres, “o próximo ano será difícil e pode ser que a Ucrânia tenha que ceder mais território antes de se estabilizar”. O especialista ainda fala sobre a necessidade do país em mobilizar mais jovens para a guerra, uma vez que a idade média do exército de Kiev é de 43 anos e as forças ucranianas vêm perdendo soldados ao longo do conflito.