O porta-voz da Presidência russa, Dimitry Peskov, afirmou nesta segunda-feira (14/03) que a operação militar contra a Ucrânia, deflagrada em 24 de fevereiro, está indo “de acordo com o planejado” e será completada “a tempo e na íntegra”.
A declaração negou que Moscou tenha solicitado assistência militar da China, informação que também foi negada por Pequim. Na ocasião, o porta-voz disse que a Rússia “tem potencial para realizar uma operação na Ucrânia” sozinha, que a ofensiva está indo “de acordo com o planejado” e será completada “a tempo e na íntegra”. Ele não precisou, no entanto, quando será finalizada.
Peskov também afirmou que o presidente da Rússia Vladimir Putin ordenou, desde o início da operação, que as forças armadas se abstivessem de um ataque imediato às cidades do país vizinho, incluindo a capital Kiev, “a fim de evitar grandes perdas entre a população civil”.
Para refutar as acusações das autoridades ucranianas de que as tropas russas estavam bombardeando de forma indiscriminada as cidades do país, Peskov afirmou que militares russos “estão trabalhando com armas modernas de alta precisão, atingindo apenas instalações militares e de infraestrutura de informação”.
Segundo ele, o planejamento da “operação militar” na Ucrânia envolveu levar em conta a estratégia de “formações nacionalistas armadas” supostamente desdobrando armas em áreas residenciais densamente povoadas. “No início da operação, o presidente de fato instruiu o Ministério da Defesa a se abster de um ataque imediato contra grandes assentamentos, já que formações nacionalistas armadas estão equipando pontos de tiro, implantando equipamentos militares pesados em áreas residenciais”, declarou o porta-voz, acrescentando que “lutar em áreas densamente povoadas inevitavelmente levaria a grandes perdas entre os civis”.
Peskov revelou ainda que o Ministério da Defesa russo “não exclui” a possibilidade de colocar cidades praticamente cercadas “sob controle total” para, segundo ele, garantir a máxima segurança da população civil.
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Kremlin afirma que ofensiva militar na Ucrânia está ‘de acordo com o planejado’
A Rússia atacou militarmente o país vizinho no final de fevereiro, após uma escalada de tensão que já durava ao menos sete anos e contava com fracasso na implementação de acordos de cessar-fogo estabelecidos entre o governo ucraniano e grupos separatistas. A Rússia exige, por sua vez, que a Ucrânia se declare oficialmente um país neutro e que não se juntará à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que surgiu durante a Guerra Fria e é liderado pelos Estados Unidos.
União Europeia aprova 4º pacote de sanções
Ainda nesta segunda-feira, a União Europeia (UE) aprovou o quarto pacote de sanções contra a Rússia, com punições que afetam “diferentes” setores da economia de Moscou.
As novas medidas proíbem as exportações de bens de luxo para o território russo e afeta diversas pessoas, incluindo o dono do time britânico Chelsea, Roman Abramovich, que foram adicionadas à lista de oligarcas russos considerados apoiadores da ofensiva contra a Ucrânia.
As restrições afetarão também as exportações tecnológicas e serviços relacionados ao setor de energia, mas com exceção de energia nuclear e transporte de gás e petróleo.
A decisão foi tomada durante reunião dos embaixadores dos 27 países-membros do bloco (Coreper), na qual também foi aprovado o pedido à Organização Mundial do Comércio (OMC) de suspender, para a Rússia, a cláusula da “nação mais favorecida” bem como o exame da candidatura da Belarus para integrar a entidade.
As medidas entrarão em vigor assim que tiverem aprovação final e publicadas na Gazeta Oficial do bloco. “Estamos trabalhando incansavelmente para forçar Moscou a parar a guerra por meio de sanções que serão cada vez mais insustentáveis para a Rússia”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, já havia confirmado o novo pacote de sanções contra o Kremlin e condenado a invasão. “A guerra de Putin não diz respeito apenas à Ucrânia, mas também à segurança e à estabilidade do nosso continente europeu. Afeta todos nós”, disse Borrell.
A nova série de punições ainda foi apoiada pelo governo alemão, que explicou que é preciso considerar seriamente quais meios pressionam Putin e quais podem prejudicar mais os países da UE, com consequência a médio e longo prazo.
“A posição da Alemanha sobre as sanções contra Moscou é clara: queremos pressão máxima sobre Putin. Queremos isolar a Rússia política, financeira e economicamente”, disse o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner.
(*) Com Ansa.