O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, descartou, em declaração nesta sexta-feira (04/03), a criação de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, afirmando que tal medida poderia causar sérias consequências para toda a Europa.
“A única maneira de implementar uma zona de exclusão aérea seria enviando caças da Otan para o espaço aéreo ucraniano e, em seguida, reforçando essa zona de exclusão aérea derrubando aviões russos”, disse Stoltenberg em entrevista coletiva após uma reunião de ministros das Relações Exteriores dos 30 países membros da Otan.
Zonas de exclusão aérea são regiões em que aeronaves são impedidas de voar. Em um conflito militar, servem para vigiar e desestabilizar os ataques de um agressor. Quando esta área restrita é violada, a aeronave invasora pode ser abatida.
Segundo o secretário-geral da aliança militar, essa decisão é desaconselhada pois poderia provocar uma “guerra em grande escala na Europa que envolveria muitos outros países e causaria muito mais sofrimento às pessoas”.
Ele explicou que os aliados do bloco apoiam esta decisão pelo não estabelecimento da área restritiva e consideram que nem os aviões nem as tropas da Aliança devem atuar em território ucraniano.
NATO/Flickr
Jens Stoltenberg defendeu que a criação de uma zona de exclusão poderia gerar graves consequências à Europa
“É por isso que tomamos esta dolorosa decisão de impor sanções duras, mas sem envolver as forças da Otan diretamente no conflito na Ucrânia, nem por terra nem pelo espaço aéreo”, disse ele, acrescentando que a Otan tem “responsabilidade” com seus aliados.
O secretário de segurança dos Estados Unidos, Anthony Blinken, por sua vez, que também participou da reunião, defendeu que a aliança é de defesa e não buscará o conflito. “Se o conflito vier até nós, estamos prontos para defender cada centímetro do território da Otan”, disse.
Stoltenberg anunciou que a Otan está avaliando “aumentar significativamente” suas forças na região adjacente para “enviar uma mensagem de sua presença” na zona de conflito.
Por outro lado, lembrou que o apoio da aliança militar a Kiev sob a forma de abastecimento de armas e treino das suas forças armadas foi “crucial” para a Ucrânia e revelou que os países membros pretendem expandir esta ajuda com mais abastecimentos.
Além disso, a Otan vem apoiando a Ucrânia desde 2014, com treinamento militar e fornecimento de armamentos, mas, como o país não faz parte do bloco, a decisão é de que a aliança militar não participe ativamente na guerra.
(*) Com RT en Espanhol.