A Comissão Europeia, entidade que representa o Poder Executivo dentro da União Europeia, iniciou formalmente o debate sobre o projeto que prevê a apropriação dos fundos russos em bancos europeus, que foram congelados após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O objetivo da proposta, segundo seus autores, seria direcionar os recursos para o incremento da ajuda financeira e militar a Kiev.
Durante a sessão desta quarta-feira (28/02) do Parlamento Europeu, Von del Leyen declarou que “chegou a hora de iniciar uma conversa sobre o uso de lucros inesperados de ativos russos congelados para comprar conjuntamente equipamento militar para a Ucrânia”.
Em março de 2022, os países do G7 decidiram bloquear cerca de US$ 300 bilhões em ativos do Banco Central da Rússia. A medida foi uma das primeiras, entre dezenas de sanções impostas a Moscou naquele então.
Dois terços desse valor, pouco mais de US$ 200 mil, estão em bancos britânicos ou de países membros da União Europeia. O resto foi retido por instituições dos Estados Unidos, Canadá e Japão.
Em dezembro passado, o governo russo fez uma advertência às autoridades europeias, sobre possíveis retaliações caso os fundos russos fossem enviados à Ucrânia. Na ocasião, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia considera o projeto “inaceitável” e alertou que, caso a União Europeia decida adotá-lo, as consequências podem ser “perigosas para o sistema financeiro global”.
No entanto, Von der Leyen disse em seu discurso no Parlamento que os recursos russos seriam usados para comprar armas fabricadas na Europa, o que “ajudaria a fortalecer a indústria de defesa europeia durante os próximos cinco anos”.
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Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen assegurou que recursos russos seriam gastos na indústria de armas europeia
“Também buscamos fomentar um novo sistema de compras com o objetivo de modernizar as Forças Armadas de todos os países membros, e prepará-los para uma possível guerra”, explicou a presidente da Comissão Europeia, que não mencionou a Rússia como adversária dessa “possível guerra, mas acrescentou, no mesmo discurso, que “o risco de guerra pode não ser iminente, mas não é impossível, e devemos nos preparar para todos os cenários”.
Ao encerrar seu pronunciamento, a mandatária europeia enfatizou aos parlamentares presentes a necessidade de “agir rapidamente” na tramitação do projeto, com o argumento de que “a Ucrânia precisa mais do que nunca dessa apoio”.
Posturas antagônicas no G20
O projeto apresentado por Ursula von der Leyen divide opiniões entre os países-membros da União Europeia.
O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, afirmou em entrevista à ANSA que “não existem bases legais” para o projeto de envio dos fundos russos à Ucrânia.
A declaração aconteceu durante a participação do funcionário francês na cúpula de ministros da Economia do G20, que acontece, nesta mesma quarta-feira, em São Paulo.
“Precisamos trabalhar e nos mover dentro das regras da lei internacional e do Estado de direito”, acrescentou Le Maire.
Durante o mesmo evento em São Paulo, o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, apresentou uma postura totalmente diferente, classificando o projeto como “realista e juridicamente seguro” e assegurando que “ele pode ser implementada no curto prazo”.
Com informações de ANSA.