O governo do Reino Unido, por meio do Ministério do Interior, anunciou nesta quarta-feira (06/09) que está “tomando medidas” para classificar o grupo mercenário Wagner como uma organização terrorista.
O anúncio acontece após a ministra do Interior, Suella Braverman, apresentar ao Parlamento um projeto de lei para incluir o Grupo Wagner na Lei do Terrorismo de 2000, que já inclui grupos como a Al-Qaeda, o Estado Islâmico e o Hezbollah.
A ordem contra o grupo pode entrar em vigor assim que for votada e aprovada, na próxima quarta-feira (13/09), considerando a participação ou ajuda ao grupo um delito criminal passível de multa ou até 14 anos de prisão, em alguns casos, ambas as punições podem ser aplicadas de forma conjunta.
“Os bens de integrantes do Wagner também podem ser categorizados como propriedade terrorista e apreendidos”, informa o governo sobre a lei.
Today, we took action to proscribe the Russian Wagner Group as a terrorist organisation.
It has a track record of horrific violence in Ukraine and Africa and remains a threat to global security.
Joining or assisting the group will be a criminal offence. https://t.co/Ed70xTXxP2 pic.twitter.com/YSu4bWoiNx
— Home Office (@ukhomeoffice) September 6, 2023
Segundo um anúncio feito por meio das redes sociais do Ministério, a decisão é tomada pelo “histórico de violência terrível na Ucrânia e na África” que o grupo apresenta. “A designação do Grupo Wagner é também uma resposta aos pedidos feitos pelo presidente da Ucrânia, [Volodymyr] Zelensky, que apelou para que o grupo fosse tratado como uma organização terrorista”, declarou o Ministério.
O governo britânico também identifica que a organização paramilitar de origem russa, que atuou ao lado do exército de Moscou no conflito contra a Ucrânia, “continua sendo uma ameaça à segurança global”.
O Ministério também lembra que já denunciou ações do grupo, incluiu a organização na primeira rodada de sanções contra Moscou em 2022 e em julho sancionou “mais 13 indivíduos e empresas ligados às ações do grupo”.
Wikicommons
Grupo Wagner atuou na anexação da Crimeia e na guerra contra Ucrânia, mas não tem registros diretos em sua origem ao presidente Putin
Acusações sem provas
“Wagner é uma organização violenta e destrutiva que tem funcionado como uma ferramenta militar da Rússia de Vladimir Putin no exterior. As contínuas atividades desestabilizadoras de Wagner apenas continuam a servir os objetivos políticos do Kremlin”, acusa Braverman.
Apesar da imputação da ministra britânica, que afirma a atuação do Grupo Wagner como “uma força militar que representa Putin”, a origem da organização paramilitar, em 2014, não está relacionada ao poder do Kremlin ou mesmo ao presidente russo.
As participações de Wagner na anexação da Crimeia e na guerra na Ucrânia são confirmadas, com financiamentos e pela rebelião que o grupo realizou contra o governo russo em julho. No entanto, a origem do grupo ser diretamente ligada a Putin são acusações não comprovadas da ministra britânica.
Braverman também acusou Putin de forma indireta sobre a morte do criador do Wagner, Yevgeny Prigozhin, em um acidente de avião em agosto, ao falar que “o regime de Putin decide o que fazer com o monstro que criou”.
Essa não é a primeira vez que países do Ocidente fazem incriminações do tipo, de forma que a Presidência da Rússia negou tais especulações, afirmando que as falas são uma “mentira absoluta”.
“Obviamente, existem muitas especulações sobre esse incidente aéreo e a trágica morte dos passageiros, incluindo Yevgeny Prigozhin. Naturalmente, todas essas especulações no Ocidente são apresentadas com um certo viés. Tudo isso é uma mentira absoluta”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, no âmbito do acidente.