A Ucrânia e a Rússia acordaram neste domingo (27/03) por meio de videoconferência uma data para a quinta rodada de negociações entre os representantes dos países.
De acordo com o chefe da delegação russa, Vladímir Medinski, a retomada presencial do diálogo acontecerá na terça (29/03) e na quarta-feira (30/03).
“Hoje, ocorreu outra rodada de negociações com a Ucrânia no formato de vídeo. Como resultado, foi decidido nos encontrarmos pessoalmente de 29 a 30 de março”, escreveu Medinsky no Telegram.
Um dos membros da delegação ucraniana, David Arahamiya, declarou por sua parte, segundo informações da agência de notícias estatal Ukrinform, que a negociação ocorrerá entre 28 e 30 de março, tendo mencionado a Turquia como sede do encontro.
Moscou e Kiev realizaram três rodadas de negociações presenciais desde o início da ofensiva russa em 24 de fevereiro, sendo que a última aconteceu em 7 de março. Agora, as negociações são realizadas diariamente por meio de videoconferências.
O objetivo da Rússia, de acordo com o governo Putin, é “costurar” uma articulação de um tratado para encerrar o conflito.
O assessor presidencial russo, Vladimir Medinsky, afirmou que o país esperava assinar protocolos com o lado ucraniano em várias questões, mas, segundo ele, não obteve sucesso na última tentativa.
O porta-voz do Kremlim, Dmitri Peskov chegou a declarar que os diálogos não avançaram por falta de disposição de Kiev em negociar.
Por outro lado, no último sábado, uma delegação dos EUA reuniu-se com as autoridades ucranianas pela primeira vez. Após a reunião com o presidente Joe Biden, o mandatário ucraniano Volodymyr Zelensky voltou a solicitar apoio militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Para interromper a invasão, a Rússia exige a desmilitarização da Ucrânia, o compromisso de o país não ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o reconhecimento da anexação da Crimeia e da autonomia do Donbass.
A Ucrânia, no entanto, cobra garantias de segurança por parte de potências internacionais em troca da não adesão à Otan e defende a integridade de seu território.
Wikicommons
Segundo líder da delegação russa, retomada do diálogo presencial entre as partes acontece nos dias 29 e 30 de março
Em 33 dias de guerra, os números de mortos são controversos. Enquanto o Ministério de Defesa da Ucrânia disse na quarta-feira (23/03) que cerca de 15.600 soldados russos perderam a vida ou foram feridos, o Ministério da Defesa da Rússia publicou sua última atualização sobre vítimas no dia 2 de março: 498 mortos e 1.597 feridos.
Por sua vez, as Nações Unidas contabilizam 953 civis mortos e 1.057 feridos. Além disso, cerca de 10 milhões de ucranianos foram desalojados e 3,8 milhões estão refugiados em outros países.
Reação à fala de Biden sobre Putin
Aliados dos Estados Unidos na Europa tomaram distância das declarações do presidente Joe Biden sobre o mandatário da Rússia, Vladimir Putin, durante sua viagem à Polônia, no último sábado (26/03).
Na ocasião, Biden chamou o líder russo de “carniceiro” e “ditador” e ainda acenou para uma possível mudança de regime no Kremlin.
As declarações provocaram críticas imediatas de Moscou e reações negativas entre os aliados europeus. O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou neste domingo (27/03) que não utilizaria a palavra “carniceiro” para definir Putin e alertou para os perigos de uma “escalada” verbal.
“Se quisermos alcançar isso [cessar-fogo e retirada das tropas russas], não podemos escalar as palavras nem as ações”, disse Macron, que mantém um canal aberto com o Kremlin e já teve longas conversas com Putin desde o início da invasão à Ucrânia.
Um membro do alto escalão do governo britânico, o secretário de Educação, Nadhim Zahawi, também se distanciou das falas de Biden e declarou que cabe ao povo russo “decidir por quem vai ser governado”.
“No entanto, penso que o povo da Rússia está cansado daquilo que acontece na Ucrânia. Sua economia está colapsando, e acredito que os russos decidirão o destino de Putin e seus aliados”, disse.
Já o alto representante da União Europeia para Política Externa, Josep Borrell, afirmou não ter ouvido “diretamente” o pronunciamento de Biden, mas salientou que o bloco “não busca uma mudança de regime” em Moscou.
“Cabe aos cidadãos russos decidir se o querem. Aquilo que queremos é impedir que a agressão continue”, ressaltou.
(*) Com Ansa, Brasil de Fato e Sputnik News.