A capital da Ucrânia foi alvo de novos bombardeios russos na manhã de domingo (05/06). Dois bairros no sudeste de Kiev registraram explosões. Segundo autoridades ucranianas, mísseis de cruzeiro russos atingiram a infraestrutura ferroviária e alvos militares. A Rússia afirma ter destruído “blindados fornecidos por países do leste europeu à Ucrânia”. O presidente russo, Vladimir Putin, alertou que promoverá novos ataques caso os Estados Unidos forneçam mísseis de longo alcance à Ucrânia.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, informou em mensagem no Telegram que “várias explosões atingiram os distritos de Darnytsky e Dniprovsky”, no sudeste da capital, sem especificar os locais alvejados.
“Os mísseis visaram a infraestrutura da Ukrzaliznytsia, a empresa ferroviária ucraniana”, escreveu Sergei Lechtchenko, membro da direção da companhia e conselheiro da presidência ucraniana, em sua conta no Telegram. Ao menos uma pessoa ficou ferida nos bombardeios e foi hospitalizada.
De acordo com a força aérea ucraniana, vários mísseis de cruzeiro foram disparados ao amanhecer na direção de Kiev por aviões russos TU-95 baseados no Mar Cáspio. Um dos caças teria sido destruído.
A companhia Energoatom, que administra as usinas nucleares ucranianas, relata que um míssil sobrevoou “a uma altura extremamente baixa a central de Pivdenno-Ukrainska”, na região de Mykolaiv (sul). A operadora denunciou, em comunicado, “um ato de terrorismo nuclear”. “Este míssil provavelmente foi disparado na direção de Kiev”, disse a Energoatom. O último bombardeio russo em Kiev ocorreu em 28 de abril.
O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, deu informações sobre o ataque. “Mísseis de alta precisão e longo alcance disparados pelas forças aeroespaciais russas contra a periferia de Kiev destruíram tanques T-72 fornecidos por países do leste da Europa e outros veículos blindados que estavam nos galpões de uma empresa de manutenção de vagões”, disse o porta-voz.
Telegram/Zelensky
De acordo com a força aérea ucraniana, vários mísseis de cruzeiro foram disparados ao amanhecer na direção de Kiev
Combates no leste
No leste da Ucrânia, o governador da região de Lugansk, Sergei Gaidai, afirmou neste domingo, em sua conta no Telegram, que as tropas russas perderam terreno nas últimas horas em Severodonetsk, após intensos combates de rua. A Rússia, que chegou a controlar 80% desta cidade industrial importante na estratégia militar do Kremlin, deteria agora apenas 70% de áreas no município, de acordo com Gaidai.
No sábado (04/05), o prefeito da cidade, Olexander Striouk, assegurou que os soldados ucranianos “conseguiram se reposicionar, para construir uma linha de defesa”. “Estamos fazendo o que é necessário para restabelecer o controle total” da cidade, principalmente em combates urbanos, havia informado o prefeito.
Existem, no entanto, versões divergentes sobre os enfrentamentos nessa região do Donbass, onde Vladimir Putin concentra os esforços de guerra. No sábado (04/08), o Ministério da Defesa russo declarou que as unidades militares ucranianas “sofreram baixas significativas em Severodonetsk” e estavam recuando para uma cidade vizinha.
Espanha reforça envio de armas à Ucrânia
O jornal El País afirma em sua edição de domingo que a Espanha fornecerá mísseis antiaéreos e tanques do modelo Leopard para reforçar sua ajuda militar à Ucrânia. Madrid também irá treinar soldados ucranianos para o uso dos veículos. Até agora, o governo espanhol forneceu apenas munições e armas leves para Kiev.
Manobras navais da OTAN no mar Báltico
Neste contexto tenso, os Estados Unidos iniciam hoje manobras militares com a OTAN no mar Báltico, com a participação da Suécia e da Finlândia, candidatas à integração na aliança militar ocidental. As manobras, previstas até 17 de junho, são vistas como uma demonstração de força ante a Rússia. Ao menos 40 navios de guerra chegaram no sábado ao porto de Estocolmo para participar dos exercícios navais.
Papa faz apelo por negociações de paz
Na missa dominical realizada no Vaticano, o papa Francisco reiterou o apelo para a abertura de “verdadeiras negociações” diante da “escalada cada vez mais perigosa” do conflito na Ucrânia.
“À medida que a fúria da destruição e da morte se inflamam, alimentando uma escalada cada vez mais perigosa para todos, renovo meu apelo aos líderes das nações: por favor, não levem a humanidade à destruição”, disse o pontífice da janela do Palácio Apostólico, diante de 25 mil fiéis reunidos na praça São Pedro.