Morre em Munique, em 14 de junho de 1920, Max Weber, intelectual alemão, jurista, economista, considerado um dos fundadores da sociologia moderna. Personalidade influente na política alemã, foi consultor dos alemães no Tratado de Versalhes (1919) e na Comissão encarregada de redigir a Constituição de Weimar.
Um dos fundadores em 1891 da Federação Pangermanista, adquiriu notoriedade em 1895 com seu discurso de posse na Universidade de Friburgo, quando se declarou a favor do imperialismo.
Weber desenvolveu estudos comparados sobre cultura e religião. Sua abordagem diferia de Karl Marx, que utilizou o materialismo dialético como método para explicar a evolução histórica das relações de produção.
Contrastava igualmente com as propostas de Emile Durkheim, que considerava a religião a chave para entender as relações entre o indivíduo e a sociedade. Para Weber, o núcleo da análise social consistia na interdependência entre religião, economia e sociedade.
No seu conhecido ensaio A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber expôs porque haviam surgido no Ocidente fenômenos culturais que iriam assumir significado e validade universal. O luteranismo e o calvinismo haviam estabelecido as bases do sucesso econômico, da racionalização da sociedade e do desenvolvimento do capitalismo.
Weber buscou uma ética econômica nas religiões baseada em raciocínios histórico-empíricos (Ensaios para uma Sociologia da Religião, 1920-1921). Nas obras publicadas postumamente, Economia e Sociedade (1922) e Ensaios sobre Economia (1922), estabeleceu as bases metodológicas para a análise da economia e da sociedade.
O autor defendia que a investigação sociológica só era possível devido a uma multiplicidade de casos individuais, a partir do delineamento de modelos empíricos de análise, revelando-se este método decisivo nos estudos de cultura comparada.
Para Weber, o moderno sistema econômico teria sido impulsionado pela Reforma Luterana, quando dela emergiu a seita dos calvinistas com seu forte senso de predestinação e vocação para o trabalho. Fugiam com temor da bebida e do fausto. Tinham horror ao luxo.
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Influente na política alemã, Weber foi consultor dos alemães no Tratado de Versalhes
Até a culinária deles era insossa. Para compensar a sensaboria de suas vidas, promoveram a ética do trabalho profissional como fonte da satisfação pessoal, a que se entregaram com energia sagrada, encontrando abrigo no mundo germânico e anglo-saxão.
Coube a Weber relacionar esse comportamento com a ascensão do capitalismo. Weber não aceitava a tese de Marx sobre a “acumulação primitiva”, que denunciava a espoliação dos camponeses medievais ingleses, como a fonte daquele modo de produção.
Para Weber, devia ser rastreado o efeito da Reforma de 1517, em que encontrou as sementes do moderno “espírito do capitalismo”. Não julgava Lutero, Calvino, Huss e outros reformadores, como agentes do progresso ou tolerantes com o lucro. Teologicamente, desejavam um retorno ao cristianismo primitivo, à prática das catacumbas, a uma vida completamente regulada pela religião monoteísta.
A condenação da vida monacal, porém, chamou sua atenção. Os protestantes consideravam-na um gesto egoísta. Enclausurar-se num mosteiro e dedicar-se somente às orações parecia uma grave alienação que “afastava o homem das tarefas deste mundo.”
O abandono da vida contemplativa pelo empenho vocacional teve efeitos duradouros nas estruturas socioeconômicas. Foi esta revolução ética, segundo Weber, a principal responsável pelo sucesso material dos países protestantes que, a partir do século XVII, colocaram-se na vanguarda do desenvolvimento ao engajarem toda a população no mundo produtivo.
Ademais, o Concilio de Trento da Igreja Católica, transformado numa fortaleza da contrarreforma, enfatizava seu caráter anticientífico e inquisitorial, como se demonstrou no caso Galileu Galilei, quando ocorreu uma ruptura duradoura entre catolicismo e ciência.
A Reforma não só desenhou na Europa um novo mapa religioso, cindindo a Cristandade entre católicos e protestantes, como separou os países cientificamente adiantados dos atrasados. A Reforma e Contrarreforma haviam traçado uma fronteira entre a disposição e a indiferença para o avanço científico.