Henri Bergson, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1927, morre em Auteuil no dia 4 de janeiro de 1941. Foi o filósofo francês mais importante de sua época. Sua filosofia foi um fenômeno de moda. Estudou também matemática e mecânica.
Nasceu em Paris em 18 de outubro de 1859, filho de um músico judeu. Cursou o Liceu Condorcet e a Escola Normal Superior, onde estudou filosofia. Desde 1900 até 1921, ocupou a cátedra de filosofia no Colégio de França. Em 1914 foi eleito para a Academia Francesa. Pouco antes de morrer, Bergson expressou de várias maneiras sua oposição ao governo de Vichy.
A bagagem britânica de Bergson explica a profunda influência que Spencer, Mill e Darwin exerceram nele durante a juventude, porém sua filosofia é em grande medida uma reação contra seus sistemas racionalistas.
O estudo que Bergson fez do riso, do cômico, é magistral quanto à sua psicologia. O ser humano costuma rir do que lhe é apresentado como uma deformação ou caricatura de si mesmo: o fantoche ou um palhaço nos fazem rir porque são representações disformes do que somos. Entendeu que o riso é uma projeção e uma descarga de tensão emotiva ante algo que nos representa.
Bergson introduziu conceitos como a metafísica entendida como filosofia; a distinção entre o orgânico e o inorgânico; a crítica às teorias evolutivas, entendendo que a consciência se impõe à matéria; a energia espiritual, a vida, a memória, o elã vital.
Abriu discussão acerca da Teoria da Relatividade de Einstein, diferenciando seu sentido físico do sentido filosófico. Iniciou estudos sobre a moral e a religião, campos que não haviam sido suficientemente considerados.
Propôs a superação do positivismo ao defender uma nova filosofia e metafísica, o intuicionismo: o começo do século 20 se caracterizou pelo domínio do racionalismo positivista no afã de rigor e objetividade.
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Filósofo francês, o mais importante de sua época, também estudou outras áreas do conhecimento, como matemática e biologia
Bergson se afastou da concepção dual – interno/externo – ao propor outra convenção: “a percepção dispõe de espaço na exata proporção em que a ação dispõe de tempo”. O espaço não é exterior e o tempo, interior, isto é voltar ao século 19. O tempo é aberto, o passado é infinito. A história são as ações dos povos em busca da liberdade que deita suas raízes na necessidade.
Seu ponto de partida foi a filosofia de Spencer. Muito interessado na mecânica, trabalhou como engenheiro em ferrovias. Em seguida estudou geologia e biologia. Antes que Darwin, propôs uma interpretação da realidade baseada no principio da evolução. Rebateu Comte e sua classificação das ciências.
Toda a realidade está submetida à evolução, que é a manifestação do incognoscível ou “força”. Seu suposto é a conservação da matéria e da energia. É um processo mecânico, não finalista, porém percebe que é obrigação da filosofia ir a fundo nas ideias básicas da mecânica.
A filosofia tem de se encarregar do tempo real e para tanto recorre à intuição, como consciência imediata ou percepção direta da realidade, que não usa simbolizações se bem que não possa prescindir da linguagem.
Também nesta data:
1785 – Nasce Jacob, o mais velho dos irmãos Grimm
1960 – Morre o escritor Albert Camus
1999 – Euro entra em vigor como moeda oficial
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.