Arqueólogos chineses anunciaram em 11 de julho de 1975 a descoberta de uma gigantesca tumba de 20 mil metros quadrados do primeiro imperador do estado chinês de Qin, região de Xian, chamado de Qin Shi Huang Di, que reinou entre 221 e 207 a. C. A tumba continha estátuas de mais de seis mil soldados e cavalos em terracota, um material constituído de argila, em tamanho natural, um verdadeiro exército enterrado junto com o soberano a fim de acompanhá-lo ao “outro mundo”.
Começada em 221 a. C., a obra teria levado 36 anos para ser concluída, com cerca de 700 mil trabalhadores que ajudaram a completá-la. Os guerreiros do exército todos têm rosto diferente e estão armados, prontos para o combate.
O imperador Qinshihuang foi um dos mais importantes governantes da história chinesa. Deixou um legado tão moralmente complicado quanto o de Pedro, o Grande. Assim como o czar russo, ficou conhecido por suas contribuições para a implantação de um Estado moderno tanto quanto por ter sacrificado a vida de milhares de trabalhadores em troca de seus visionários projetos.
Embora vilipendiado pela tirania, Qinshihuangdi é admirado por diversas políticas radicais e perspicazes. Para unificar sete distintos Estados numa única nação, padronizou uma escrita comum e estabeleceu sistemas monetários e medidas uniformes.
A fim de tornar eficiente o governo, codificou um sistema legal e submeteu governantes hereditários a um sistema administrativo centralmente conduzido. Para melhorar a produtividade manufatureira, encorajou reformas agrícolas e construiu muitos caminhos. Num esforço para limitar a invasão de tribos bárbaras, mandou construir uma fortificação ao longo da fronteira norte, a primeira Grande Muralha.
As obras e as esculturas tiveram início tão logo o imperador ascendia ao trono. Todos os trabalhadores e as concubinas sem filhos foram com ele enterrados a fim de salvaguardar seus segredos.
Segundo os “Registros Históricos” de Sima Qian, escrito um século depois, céu e terra são representados na câmara central da tumba. O teto, incrustado de pérolas, representa o céu estrelado. O piso, feito de pedra, forma o mapa do reino chinês; 100 rios de mercúrio fluem através dele. E todos os tipos de tesouro são protegidos por armadilhas com explosivos mortais.
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O principal do mausoléu ainda está por ser escavado, em parte porque os arqueólogos ainda estão incertos quanto a sua exata localização. Com frequência os imperadores construíam um conjunto de túmulos funerários simplesmente para dificultar aos ladrões a localização do verdadeiro túmulo. O túmulo que marca hoje a tumba do imperador não indica necessariamente o local de sua maravilhosa câmara central.
Construção do exército de terracota
A pedra calcário e o mármore Kouroi e Kourai do final do Período Arcaico Grego (535-480 a. C.) refutam a tese de que os Guerreiros de Terracota foram as primeiras estátuas portáteis da história da arte mundial. Enquanto os gregos antigos esculpiam meticulosamente na pedra estátuas individuais, a dinastia Qin projetava a produção em escala. Dezenas de milhares de estátuas humanas e de animais foram manufaturadas conforme uma série de processos que começava com a modelagem de pernas sólidas.
A montagem de cada uma das estátuas ocas sobre pernas sólidas permitiu aos artesãos resolver o desconcertante problema de como fazer uma estátua portátil. Cabeças, braços e pernas ocos, feitas de terracota, foram juntados com argila e colocados sobre as pernas sólidas.
Depois de montado esse modelo sem acabamento, uma camada de argila era acrescentada, e aspectos como olhos, boca, nariz, bem como detalhes de roupa eram esculpidos na argila enquanto ainda estava flexível. Peças adicionais como barba, orelhas e armadura eram modeladas separadamente e pregadas, após o que a figura toda era levada ao fogo em alta temperatura.