A obra póstuma de Gabriel García Marquez, ‘Em agosto nos vemos’ não estava nos planos de publicação do autor. No prefácio, os filhos do vencedor do Nobel de Literatura de 1982, Rodrigo e Gonzalo García Barcha, contam que o pai queria que a obra, que acabou publicada em seu aniversário (06/03), fosse destruída.
“Na época, sabíamos só a sentença final de Gabo: ‘Este livro não presta. Precisa ser destruído’.
Não o destruímos, o deixamos de lado, na esperança de que o tempo decidisse o que fazer”, dizem os herdeiros, classificando a publicação como um “ato de traição” em benefício do leitor. No texto, eles também reconhecem as imperfeições da obra, escrita entre 2004 e 2005, quando o autor já sofria de demência senil.
“Em agosto nos vemos” conta a história de uma mulher casada de 46 anos, descrita como sendo dona de dois belos olhos dourados, que todos os anos, em 16 de agosto, viaja para uma ilha do Caribe, para levar flores ao túmulo da mãe. Em uma viagem, Ana Magdalena Bach se envolve com um amante, e acaba passando a usar a data a cada ano para entrar em uma nova aventura extraconjugal, explorando a própria sexualidade e a si mesma.
O breve e intenso romance, com um final surpreendente, mostra a força de García Marquez ao tentar combater a perda de memória: “É o fruto de seu último esforço de continuar criando, contra todas as circunstâncias adversas”, disseram os filhos.
O romancista colombiano Gabriel García Márquez morreu numa quinta-feira em 17 de abril de 2014 com a idade de 87 anos. Gabo era o escritor mais célebre da América Latina; também era um militante de esquerda socialista comprometido que falava a favor da criação de “um governo que faça os pobres felizes”.
(*) Com ANSA