Indígenas do povo Krenak, representantes quilombolas, famílias de vítimas, prefeitos e procuradores de quinze cidades vieram a Londres acompanhar os dois dias de audiência do caso do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, que aconteceu há oito anos.
As sessões na corte britânica vão definir o cronograma do julgamento marcado para outubro, que em caso de condenação pode custar às mineradoras BHP e Vale, indenizações que chegam a R$ 230 bilhões de reais.
Segundo os advogados da Pogust Goodhead, que representam as vítimas, a avaliação de danos estimados foi baseada nas perdas fornecidas por todos os clientes – individuais, municípios, comunidades quilombolas e indígenas e instituições religiosas afetadas pela queda da barragem.
Vale também é responsabilizada
Desde 2018, a anglo-australiana BHP enfrenta nos tribunais de Londres a maior ação ambiental coletiva do mundo, movida por 700 mil pessoas atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão. Em 2022, quando a corte inglesa confirmou a jurisdição do caso, a empresa entrou com pedido para que a Vale também respondesse pelo pagamento de eventual indenização.
Rogério Alves/TV Senado
Bento Rodrigues, no município de Mariana, Minas Gerais, alguns dias após rompimento da barragem da mineradora Samarco 19/11/15.
Depois de recorrer e perder todos os recursos apresentados, a Vale foi finalmente incluída no processo. As duas mineradoras são controladoras da Samarco, empresa responsável pela operação em Mariana.
Os rejeitos tóxicos da barragem chegaram até o Espírito Santo e contaminaram o rio Doce, que abastece 230 municípios brasileiros, e é considerado sagrado pelo povo indígena Krenak. Vinte pessoas morreram vítimas do considerado o pior crime socioambiental da história do Brasil.