Imagens de satélite disponibilizadas pela Nasa mostraram um declínio dramático nos níveis de poluição na China. Segundo informou a agência espacial americana neste domingo (01/03), isso se deve “pelo menos em parte” à desaceleração econômica causada pelo surto de coronavírus.
Satélites de monitoramento de poluição da Nasa e da Agência Espacial Europeia (ESA) detectaram reduções significativas no índice de dióxido de nitrogênio (NO2) sobre a China, país onde se iniciou o surto de Covid-19, doença que já atinge mais de 60 países.
O dióxido de nitrogênio é um gás nocivo emitido por veículos automotores, usinas e instalações industriais. Segundo a Nasa, seus níveis despencaram em fevereiro em comparação com janeiro, antes que as autoridades chinesas impusessem medidas de isolamento.
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A agência observou que o declínio coincidiu com as restrições de transporte e negócios e com o momento em que milhões de pessoas foram colocadas em quarentena no país asiático.
As imagens acima mostram a concentração de NO2 sobre a China entre 1º e 20 de janeiro, antes da quarentena, e entre 10 e 25 de fevereiro, durante a quarentena.
Segundo cientistas da Nasa, a redução foi observada primeiro na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, mas eventualmente ficou aparente em outras partes do país.
picture-alliance/dpa/NASA
Mapas comparam os níveis de dióxido de nitrogênio na China no início do ano (à esq.) e em fevereiro
Em 23 de janeiro, autoridades chinesas proibiram qualquer transporte indo ou saindo de Wuhan, a fim de conter a propagação da doença. Foi a primeira de várias quarentenas implementadas no país e ao redor do mundo.
“Esta é a primeira vez que eu vejo uma queda tão dramática sobre uma área tão ampla devido a um evento específico”, afirmou Fei Liu, pesquisadora de qualidade do ar da Nasa, em comunicado à imprensa.
Cientistas já haviam observado declínios graduais nos níveis de dióxido de nitrogênio durante a crise financeira global de 2008, além de reduções mais localizadas durante as Olimpíadas de Pequim no mesmo ano.
As celebrações do Ano Novo chinês também já foram relacionadas a tais reduções no passado, já que muitas empresas e fábricas fecham entre a última semana de janeiro e o início de fevereiro para celebrar o feriado. Observações anteriores mostraram que a poluição do ar geralmente diminui durante esse período e depois aumenta quando a celebração termina.
Porém, “neste ano, a taxa de redução é mais significativa do que nos anos anteriores e tem durado mais”, explicou Liu. “Não estou surpresa, porque muitas cidades em todo o país tomaram medidas para minimizar a propagação do vírus.”
A China continental já registrou quase 80 mil casos do novo coronavírus desde o início do surto em dezembro. Até o momento, 2.870 pessoas morreram no país. Em todo o mundo, o vírus infectou mais de 88 mil pessoas e causou 3 mil mortes.