– O Chile passou ontem (18/07) por primárias presidenciais. Como funcionam? Não é um processo obrigatório, os partidos optam por realizar primárias internas ou em coalizões. Para tanto inscrevem suas candidaturas no Serviço Eleitoral (Servel) do país que faz todo o trâmite burocrático. A eleição ocorre em caráter nacional e no 20º domingo anterior à data da eleição para presidente. Cada partido ou aliança de partidos informa ao Servel quem poderá votar nas suas primárias e há cinco opções: só os filiados ao partido (no caso de primária interna a um único partido); filiados e eleitores em geral que não tenham filiação partidária (primária partidária interna); apenas filiados aos partidos que integram a coalizão; filiados aos partidos da coalizão e eleitores sem filiação partidária; todos os eleitores aptos a votar. No caso das primárias de 2021, duas coalizões colocaram seus pré-candidatos para passarem por um escrutínio eleitoral com ampla votação da população: a coalizão de direita Chile Vamos e a coalizão de esquerda Apruebo Dignidad. Nos meses que antecederam as primárias, as pesquisas de intenções de votos davam a dianteira para o comunista Daniel Jadue, filiado ao Partido Comunista do Chile, seguido por Joaquín Lavín, da UDI – Unión Democrata Independiente, partido conservador de direita do oficialismo. As pesquisas voltadas para as primárias especificamente também apontavam os dois como favoritos em suas respectivas coalizões. Porém a votação levou a outro resultado. Pelo Chile Vamos, foi eleito Sebastian Sichel e pelo Apruebo Dignidad foi eleito Gabriel Boric. O bloco Apruebo Dignidad angariou mais de 1,7 milhão de votos, sendo 60% para Boric e 40% para Jadue. Já o Chile Vamos conquistou 1,3 milhão de votos, sendo 49% para Sichel, 31% para Lavín e quase 10% para Mario Desbordes do Renovación Nacional e mais 9% para Ignacio Briones do Evópoli. Em seu discurso de vitória, Boric disse que se o Chile foi o berço do neoliberalismo, será também sua tumba. Disse também que trabalhará incansavelmente com Jadue pela vitória do Apruebo Dignidad nas eleições de novembro. Boric é proveniente da militância autonomista no movimento estudantil, da região de Magalhães e está em seu segundo mandato como deputado nacional. Está filiado ao partido Convergência Social fundado em 2018 pelos autonomistas. Em sua campanha nas primárias destacou muito a perspectiva de gênero e as preocupações com o meio ambiente. Fala muito em uma paz social construída com justiça social. Defendeu a ampliação dos direitos coletivos dos trabalhadores. Apesar de ser um candidato da esquerda, Boric atraiu um voto anti-comunista e anti-Jadue. As regiões mais ricas do país em Santiago oriental votaram massivamente por Boric. Ele acabou se tornando uma “saída do meio” para chilenas e chilenos que querem mudanças, mas temem um comunista no poder. Já o candidato da direita será Sebastián Sichel, que já foi do partido Democrata Cristão, do Ciudadanos e agora se identifica como Independente. É advogado de formação e trabalhou nos governos de Bachellet e Piñera, nos ministérios da economia, turismo e desenvolvimento social. Nunca ganhou uma eleição para nenhum cargo e se autodeclara porta-voz da centro-direita.
– Uma reportagem da TV colombiana Caracol do último dia 15 de julho aponta o atual primeiro-ministro e presidente do Haiti, Claude Joseph, como um dos possíveis mandantes do assassinato do presidente Jovenel Moïse no último dia 7 de julho. Dois dias antes de falecer, Moïse havia nomeado Ariel Henry para substituir Joseph como primeiro-ministro e montar um novo gabinete. O objetivo do crime seria sequestrar Moïse para Joseph assumir a Presidência. Para tanto, desde novembro de 2020, teriam planejado o crime e contratado colombianos que trabalham como agentes privados de segurança. Pela reportagem, 200 agentes foram contratados, mas não todos teriam sido mobilizados para a missão. A matéria é controversa ao falar em sequestro, mas diz que sete dos contratados sabiam que Moïse deveria ser assassinado. Os colombianos presos e interrogados pelo FBI relataram proteção da polícia haitiana durante os meses em que viveram no Haiti ante do crime, também segundo matéria da TV Caracol.
– Após suas investidas no final de semana de 11 de julho para transformar problemas internos de Cuba, como a justa insatisfação popular com a escassez energética, provocada em grande medida pelas condicionantes do bloqueio econômico, em um golpe contra o governo de Díaz-Canel, o governo dos EUA tenta novas medidas desestabilizadoras. Biden voltou a falar na Casa Branca em envio de vacinas contra covid-19 para Cuba, desde que administradas por agências internacionais, que não permitiriam “confisco da vacina por autoridades cubanas”, assim como falou em “restaurar o acesso à internet” que supostamente teria sido cortado pelo governo cubano. Os pronunciamentos tentam desviar a atenção do fato de que Cuba possui suas próprias vacinas, mas justamente o governo dos EUA inviabiliza acesso a seringas e outros insumos básicos para o desenvolvimento da vacinação. Assim como a rede de internet é afetada justamente por conta das limitações e restrições comerciais impostas pelo embargo econômico. Biden ainda não falou em revogar nenhuma das mais de 250 medidas restritivas à Cuba da Era Trump.
– A África do Sul atravessou uma semana com muitos protestos e distúrbios de rua. Os protestos começaram no dia 8 de julho, logo após o ex-presidente Jacob Zuma se entregar à Justiça para começar a cumprir uma pena de 15 meses de prisão por desacato à corte do país. Ele enfrenta um inquérito por denúncias de corrupção no período de seu mandato presidencial (2009 – 2018). Muitos protestos deixaram inscritas as palavras “Free Zuma” nas paredes e muros das cidades, em especial em Durban, onde foram mais massivas. Protestos foram grandes também em Joanesburgo e Kwazulu-Natal, de maioria zulu. Há estimativas de mais de 200 pessoas mortas e mais de 2.500 foram presas. Muitos centros comerciais foram invadidos, saqueados e depredados. A África do Sul é o país africano mais afetado pela pandemia e enfrenta uma crise econômica e social profunda, com desabastecimento de combustíveis e alimentos. A taxa de desemprego no país está em torno dos 30%. O presidente do país, Cyril Ramaphosa, admite que o país está em grave crise e que houve demora para dar resposta aos protestos mais violentos. Muitas mortes foram causadas por civis e seguranças privadas no confronto com os manifestantes. Parte do governo acusa os partidários e apoiadores de Zuma pela onda de violentos protestos.
– No próximo mês de agosto completa-se um ano da trágica explosão no porto de Beirute, no Líbano. Desde então, o país está sem um governo em pleno funcionamento, após a renúncia de Hassan Diab. O primeiro-ministro interino, Saad Hariri, acaba de desistir de mais uma tentativa de formar governo, após oito meses de negociações e recusa do presidente do país Michel Aoun da proposta apresentada. Importante lembrar que no Líbano o governo é formado por cotas, presidente cristão maronita, primeiro-ministro muçulmano sunita e presidente do Parlamento muçulmano xiita. Esse modelo vem desde os anos 1940, com a independência do país. Para elegerem seus representantes, os libaneses também votam em listas relacionadas à sua comunidade religiosa. O presidente Aoun alega que Hariri foi intransigente na última negociação que tiveram para a distribuição de ministérios. O Líbano sofre hoje de escassez de combustível, remédios, alimentos e produtos básicos, além de cortes de energia. Essa crise vem desde 2019 com aumento dos impostos em geral e perpetuação de esquemas de corrupção entre as oligarquias políticas religiosas.
– Segue em alta a queda de braço entre Viktor Orban, primeiro-ministro húngaro, e a União Europeia em relação às políticas homofóbicas do governo da Hungria. Na última sexta (16/07), a Comissão Europeia anunciou a abertura de uma investigação por considerar que as políticas de Orban de proibir difusão de conteúdo LGBTI em ambientes onde há menores de idade viola a Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia em pontos como os da liberdade de expressão e direito à não discriminação. Outro procedimento semelhante foi aberto com relação à Polônia, por criar “zonas livres de ideologia LGBTI” em vários municípios do país.
– A chinesa Xiaomi se tornou a segunda maior fabricante de smartphones do mundo, ultrapassando a Apple. A Samsung continua na liderança, com 19% do mercado. Xiaomi teve participação de 17% e a Apple de 14% no segundo trimestre de 2021.