– O ex-estrategista de campanha de Donald Trump, Steve Bannon, foi preso nos EUA por fraude e desvio de mais de 1 milhão de dólares em campanha “We Build the Wall” (Nós Construímos o Muro) de apoio à construção de um muro entre EUA e México para despesas pessoais. Uma pena máxima nesse caso poderia levar até a 40 anos de prisão. As notícias são de que cerca de 500 mil doadores depositaram no total 25 milhões no fundo da campanha. A construção do muro entre os dois países foi uma das principais bandeiras de campanha do então candidato Trump em 2016 e um dos temas mais abordados por ele no início do mandato. Bannon ficou mundialmente conhecido quando estourou o escândalo da Cambridge Analytica, da qual ele foi um dos diretores, em 2018. A CA usava perfis do Facebook, com acesso a dados privados sem consentimento, para traçar personalidades e influenciar votos com mensagens personalizadas. O mecanismo foi usado na campanha pelo Brexit e na eleição de Trump. Bannon permaneceu como o assessor mais próximo de Trump até 2017, quando foi demitido por ter fornecido dados do governo ao livro Fire and Fury, de Michael Wolff. No Brasil, a família Bolsonaro se gaba de ser “amiga” de Bannon, tendo inclusive feito contato pessoal com ele nas visitas oficiais realizadas aos EUA.
– O Instituto Gamelaya de Moscou anunciou que pelo menos 40 mil pessoas serão testadas na Rússia na fase 3 de ensaios clínicos de sua vacina contra o coronavírus. Até agora não foram publicados estudos que mostrem os resultados dos testes das fases 1 e 2.
– Militares são acusados de provocar um golpe de Estado no Mali, na África. Na terça (18/08), o presidente do país, Ibrahim Boubacar Keita, (IBK foi eleito em 2013 e reeleito em 2018) e o primeiro-ministro, Boubou Cissé, foram detidos. Um dos líderes dos militares foi entrevistado pela AFP e relatou que “o presidente e o primeiro-ministro estão sob nosso controle. Prendemos os dois em suas casas”. No entanto, circulam imagens da população invadindo o que seriam as casas das principais autoridades do governo, provavelmente após eles terem sido levados para o quartel de Kati, onde o movimento começou. Outros participantes do governo também foram presos e a TV estatal do país foi retirada do ar. Na quarta-feira (19/08), um vídeo do presidente se demitindo foi divulgado. No pronunciamento ele disse que “o pior aconteceu” e se referiu às manifestações dos últimos meses. Anunciou ainda a dissolução da Assembleia Nacional e do governo. Ainda não está muito claro quem coordena o movimento, mas há meses o país está tomado de protestos contra o governo e que exigiam a renúncia de IBK, principalmente após a invalidação de cerca de 5% dos votos das eleições legislativas. Um dos grupos organizadores dos protestos é o M5-RFP (Movimento 5 de junho de 2020 – Reativação das Forças Patrióticas). Circulam imagens de muita comemoração popular nas ruas da capital Bamako. Tanto a ONU, como a União Africana, condenaram a prisão do presidente Keita e do primeiro ministro Cissé. Antônio Guterres, secretário geral da ONU, pediu “libertação imediata e incondicional” dos detidos. Uma reunião do conselho de segurança deve ocorrer ainda nesta quinta-feira (20/08). A ONU possui uma missão no país, a MINUSMA – Missão Multidimensional Integrada para a Estabilização do Mali. Moussa Faki Mahamat, presidente da comissão da União Africana disse pelo twitter, “condenar veementemente” as prisões. O Parlamento Europeu também se manifestou contra as “mudanças inconstitucionais” no país. O fato ocorre em um contexto em que o Mali tem sido alvo nos últimos anos de uma expansão da presença de jihadistas que abarca toda a região do Sahel (região entre o deserto do Sahara e o Sudão) que inclui Burkina Faso, Nigéria, Togo, Benin, Gana, Senegal, Mauritânia, Chade e Costa do Marfim.
– O governo brasileiro se pronunciou oficialmente sobre a pressão que está sendo feita por vários países para o adiamento da escolha do novo presidente do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Segundo a nota do Itamaraty, “nossos povos precisam de soluções que não podem ser adiadas”. Atualmente o banco é composto por 47 estados, inclusive por países de fora da região, como Israel e Japão. O poder de voto é proporcional ao montante de recursos aportado por cada país. São membros com maior poder de voto, os EUA (30%), Argentina (11,35%), Brasil (11,34%), México (7%) e Japão (5%). A princípio, a eleição está prevista para os dias 12 e 13 de setembro. No entanto, países como Argentina, Chile, México, Costa Rica e, mais recentemente, o Peru têm se manifestado pelo adiamento do processo. A União Europeia, que possui países no banco, também já pediu adiamento. O impasse gira principalmente em torno do fato de que pela primeira vez na história do banco, desde 1959, os EUA apresentaram candidatura para presidir o banco. A pressão é para que se adie para o primeiro semestre de 2021 a eleição. Caso 25% dos votantes se abstenham, as eleições são automaticamente adiadas.
– Termina nesta quinta em Milwaukee, em Wisconsin, a Convenção Nacional dos Democratas “Unindo a América” nos EUA. Apesar do centro de operações da convenção ser em Milwaukee, o evento ocorre por videoconferência desde terça-feira. Inclusive, como provocação, partidários de Trump espalharam outdoors em Wisconsin com a pergunta: “onde está Joe?”. Após o encontro, Joe Biden e Kamala Harris serão oficialmente a dupla que enfrentará Trump e Pence nas urnas no dia 3 de novembro. No total, Biden conseguiu o apoio de 3.558 delegados e Sanders o de 1.151. Há quatro décadas somente um presidente em exercício foi derrotado em sua tentativa de reeleição, Bush pai, em 1992, por Bill Clinton.
– A representação da ONU no Brasil se manifestou sobre o caso da criança de 10 anos vítima de violência sexual no Espírito Santo e que passou por procedimento de interrupção de gravidez fruto de estupro. A entidade internacional informou que vai acompanhar as investigações e as ações estatais de promoção da proteção integral da vítima, seja com sua integridade física, mental, moral e privacidade.
– O novo embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, esteve nesta quarta-feira no Palácio do Planalto para apresentar suas credenciais ao presidente Bolsonaro. Segundo Scioli, ele “trouxe mensagem do presidente Alberto Fernández da vontade de trabalhar juntos com o presidente Bolsonaro e sua equipe, deixando para trás desencontros”. O evento ocorreu na mesma semana em que o governo Brasileiro reagiu contra a Argentina alegando que o país tem apresentado novas barreiras para emitir licenças de importação de produtos brasileiros. São as chamadas licenças não automáticas de importação que estariam sendo atrasadas ou mais burocratizadas.
– Segundo o presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado brasileiro, Nelsinho Trad (PSD-MS), que fez parte da comitiva brasileira que esteve no Líbano semana passada, um dos temas tratados nos encontros que tiveram com autoridades libanesas foi um acordo comercial entre o Mercosul e o Líbano. Esse tema já havia sido tratado por autoridades dos dois países em 2015.
– Esta foi mais uma semana de extrema tensão na faixa de Gaza com bombardeios partindo de Israel, alegando estar combatendo balões de fogo.
– A União Europeia realizou na quarta uma cúpula extraordinária por videoconferência para discutir a situação política na Bielorrússia.
– Pelo menos 45 migrantes morreram em um naufrágio de uma embarcação na costa da Líbia, no Mar Mediterrâneo, esta semana, na maior tragédia com migrantes ocorrida este ano na região.