Morreu neste domingo (12/08) em Paris, aos 86 anos, o
economista marxista egípcio Samir Amin, devido a um tumor cerebral. Nascido em
1931, de pai egípcio e mãe francesa, Amin era doutor em economia e tinha
formação em ciência política, dedicando toda a sua vida adulta ao estudo do
capitalismo.
Tendo trabalhado no Cairo no Instituto de Administração Econômica
nos anos 50, morou em diferentes países até se converter em diretor do Fórum do
Terceiro Mundo em Dacar, no ano 1980.
Nos anos 60, fez parte do Partido Comunista Francês,
distanciando-se para apoiar a corrente maoista na época da disputa
sino-soviética. Conta com importantes estudos sobre a Lei do valor, o
eurocentrismo, as relações centro-periferia, assim como sobre categorias
discutidas no seio do marxismo contemporâneo, como “crise
estrutural”, “capitalismo senil” ou “intercâmbio
desigual”.
Também defendeu a tese da entrada, nos anos 60, em uma nova fase do capitalismo, que chamou “de monopólio generalizado”, muito além do incipiente descrito por Lenin em 1916.
Nos últimos anos, estudou o fenômeno do desenvolvimento chinês, a crise do capitalismo como civilização e o acirramento dos confrontos imperialistas, sem deixar de analisar a dependência como fenômeno característico das relações entre centro e periferia do capitalismo mundial, nomeadamente as periferias africana, asiática e latino-americana.
Foi também crítico do islamismo, enquanto força colaboracionista do imperialismo norte-americano na região do Médio Oriente, definindo-o como “arma da globalização”, consequência da crise mundial do capitalismo.