Terça-feira, 15 de julho de 2025
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Lucas Mauricio/Opera Mundi

Diferentemente do que ocorreu no Brasil em 2013, muitos idosos têm ido às ruas para protestar na Tailândia

Desde o final de novembro, a Tailândia vive uma onda de protestos pela saída da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra. Como reação às manifestações, o governo anunciou a realização de eleições no dia 2 de fevereiro, mas a medida não foi suficiente para acalmar a população, que agora reivindica a renúncia de todo o gabinete e sua substituição por um conselho não eleito que reforme o sistema político, antes de ser convocado um novo pleito.

Os protestos continuaram neste ano e chegaram ao seu ápice no início desta semana. Na segunda-feira, dia 13 de janeiro de 2014 (ano de 2557 segundo o calendário tailandês, o qual adota o começo da Era Budista em 543 AC como marco zero), Bancoc, capital da Tailândia, parou. A maior e mais populosa cidade do país, normalmente enredada por um fluxo delirante de pessoas de todos os tipos, carros, motos, tuk-tuks e barcos, ficou paralisada pelas massas que foram às ruas, realizaram comícios e acamparam em diversos lugares da metrópole. Sete avenidas de grande importância foram bloqueadas. Os estabelecimentos comerciais fecharam as portas e, por largas zonas urbanas, poucas almas eram avistadas.

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No entanto, nos pontos em que o levante se desenrolava, milhares de pessoas se aglomeravam para expressar sua indignação e revolta contra os dirigentes políticos. Ao contrário do que se viu no Brasil nas chamadas “Jornadas de Junho”, em 2013, a maioria dos manifestantes em Bancoc não era jovem e/ou estudante. Tratava-se de uma formação heterogênea na qual impressionava a quantidade de manifestantes com mais de 40 anos e até mesmo de idosos. Preponderantemente, mulheres. Famílias com crianças também foram às ruas para protestar.

Reprodução

Rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej é o monarca que está há mais tempo no poder no mundo

Cartazes clamavam por maior rigor nos crimes de corrupção, respeito às leis e às decisões dos tribunais. Alertavam que a democracia não é um “cheque em branco”, que permite aos governantes agirem conforme seu livre-arbítrio. E ainda: pediam por reformas políticas antes das próximas eleições, previstas para 2 de fevereiro.

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Poucos policiais foram vistos acompanhando as manifestações. Depredação patrimonial e agressões também não foram vistas, ao menos por nós. Tudo correu num clima natural e até mesmo festivo em alguns momentos, como se fosse uma celebração do povo de Bancoc na luta pela melhoria do sistema politico.

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É de se notar, por outro lado, que as críticas não eram dirigidas contra o poder monárquico. Por todos os cantos, nas conversas com participantes das manifestações e nas estampas de suas camisetas, transparecia um profundo e autêntico respeito pela figura do Rei Bhumibol Adulyadej (Rama IX). O monarca tailandês parece inspirar confiança na população.  Sua autoridade não é colocada  em questão durante a efervescência politica dos últimos 50 dias.

Nos dias seguintes aos protestos de 13 de janeiro, ainda se observa largas zonas e edifícios ocupados pela população de Bancoc por meio de tendas, nas quais pequenos e médios comícios são realizados com palanques improvisados. Aparentemente, o rebuliço politico que se instalou na cidade não dá sinais de refluxo. O que será de Bancoc e da Tailândia daqui para frente ainda é uma incógnita. 

Lucas Mauricio/Opera Mundi