Dezenas de milhares de manifestantes paralisaram as principais vias da Cidade da Guatemala nesta sexta-feira (06/10), na sexta jornada consecutiva de protestos contra a possibilidade de suspensão do partido Movimento Semente, o mesmo do presidente eleito Bernardo Arévalo.
A onda de protestos teve início na segunda-feira (02/10), dois dias depois do confisco das urnas e atas do Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala (TSE, principal autoridade eleitoral do país) por ordem do Ministério Público.
A ação promovida pela procuradora-geral Consuelo Porras e pelo promotor Rafael Curruchiche, e oficializada pelo juiz de primeira instância Fredy Orellana, pede a suspensão do Movimento Semente por supostas irregularidades durante o pleito.
Nesta quinta-feira (05/10), a situação se tornou mais difícil para o presidente eleito e seu partido, já que o TSE, que até então se mantinha firme em rechaçar as acusações contra Arévalo e o Movimento Semente, passou a admitir a possibilidade de prorrogar o chamado “período eleitoral”, que deveria se encerrar no dia 31 de outubro.
Na prática, se o “período eleitoral” terminar no dia 31 de outubro, como está previsto, não haverá mais possibilidades de alterar o resultado do pleito presidencial de forma legal. Uma possível prorrogação desse período, portanto, aumentaria as chances de questionamento dos resultados por parte do Ministério Público ou alguma outra entidade.
A mudança de postura do TSE, segundo o diário guatemalteco Prensa Libre, poderia ser fruto da pressão de partidos que foram derrotados pelo Movimento Semente nas eleições.
Movimento Semente
Presidente eleito Bernardo Arévalo, junto à vice-presidente eleita Karin Herrera, denunciam tentativa de golpe de Estado na Guatemala
Entre eles estaria o Vamos, legenda liderada pelo atual presidente do país centro-americano, Alejandro Giammattei, e cujo candidato, Manuel Conde, foi o terceiro mais votado no primeiro turno (ocorrido em 25 de junho), perdendo a vaga na instância decisiva para Arévalo, que ficou em segundo.
O outro partido que defende a medida é a Unidade Nacional pela Esperança (UNE), da candidata Sandra Torres, derrotada no segundo turno (em 20 de agosto) por Arévalo.
Através de comunicados, o Movimento Semente vem tentando denunciar, dentro e fora da Guatemala, que o país está sofrendo uma tentativa de golpe que busca impugnar o resultado das eleições presidenciais deste ano.
O presidente eleito, Bernardo Arévalo, afirmou durante um evento com empresários que “o país está paralisado por causa dos autoritários, que se negam a aceitar a vontade do povo, e não por aqueles que estão resistindo nas ruas, e que incomodam, não a democracia, pois estão lutando por ela, mas sim aqueles setores que buscam afrontar um resultado democrático”.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) apoia a denúncia de golpe de Estado na Guatemala e anunciou que realizará na terça-feira (10/10) uma reunião extraordinária para debater a situação do país.
O secretário-geral da entidade, o diplomata uruguaio Luis Almagro, declarou que não está descartada a aplicação da Carta Democrática, que poderia resultar na suspensão do país do organismo, e na imposição de sanções, similares àquelas que estão vigentes atualmente contra países como Cuba, Venezuela e Nicarágua.
Com informações do Prensa Libre.