O movimento indígena guatemalteco 48 Cantones convocou para esta segunda-feira (02/10) uma jornada de manifestações em todo o país contra o que consideram como uma “tentativa de golpe de Estado” por parte do Ministério Público do país.
Segundo o diário local Prensa Libre, a convocatória indígena recebeu o apoio de grande parte das organizações sociais do país, que também consideram que a ação dos promotores tem como objetivo atentar contra a institucionalidade, afetando não o atual presidente, Alejandro Giammattei, mas sim o presidente eleito Bernardo Arévalo, impedindo sua posse no cargo – marcada para janeiro de 2024.
Neste sábado (30/09), o Ministério Público ordenou o confisco de dezenas de urnas e atas eleitorais, após um operativo de busca e apreensão na sede do Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala (TSE) que teve início na sexta-feira (29/09) e durou mais de 18 horas.
A ação foi liderada pelo promotor Rafael Curruchiche, que já havia atuado durante o segundo turno, quando tentou justamente impugnar a candidatura de Arévalo, ao suspender o registro do seu partido, o Movimento Semente (de centro-esquerda), sob a acusação de uma suposta inscrição irregular de um militante ocorrida em maio de 2022.
Na ocasião, a decisão do promotor foi acatada pelo 7º Tribunal Penal da Cidade da Guatemala, por ordem do juiz Fredy Orellana, mas derrubada dias depois por decisão da Corte Constitucional. Em seguida, a Corte Suprema de Justiça (CSJ) do país ratificou o arquivamento do processo.
Curiosamente, o juiz Orellana também foi quem deu a autorização para o operativo de busca e apreensão desta sexta-feira.
Movimento Semente
Apoiadores de Bernardo Arévalo protestaram neste sábado (30/09) contra o confisco de urnas e atas eleitorais por parte do Ministério Público
Segundo a imprensa guatemalteca, os movimentos sociais que se manifestarão nesta segunda-feira defendem a renúncia de Curruchiche, Orellana e também da procuradora-geral Consuelo Porras, principal autoridade do Ministério Público do país.
Reação de Arévalo
Neste sábado (30/09), o presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, interrompeu uma reunião realizada no México com o presidente desse país, Andrés Manuel López Obrador, para gravar um vídeo sobre o caso das urnas confiscadas.
O líder do Movimento Semente, pediu à Corte Constitucional e à Corte Suprema de Justiça, instâncias superiores do Poder Judiciário guatemalteco, para intervir contra a ação do Ministério Público, qualificada por ele como “uma tentativa de manipular o resultado eleitoral”.
Arévalo também destacou as manifestações expressadas por diferentes entidades internacionais como o Grupo de Puebla e a Organização dos Estados Americanos (OEA), e também de diferentes figuras internacionais, entre as quais se destaca o próprio presidente mexicano López Obrador, que manifestou esse apoio pessoalmente, durante a reunião.
Finalmente, o presidente eleito cobrou do atual mandatário, Alejandro Giammattei, que se pronuncie diante da “evidente tentativa de golpe de Estado que se orquesta no Ministério Público”.
Com informações de Prensa Libre.