A Argentina selou oficialmente nesta quarta-feira (18/10) seu pedido de adesão ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, por sua sigla em inglês), instituição também conhecida como “Banco do Brics”.
O início do processo foi confirmado durante uma reunião na sede da instituição, na cidade chinesa de Xangai, na qual a delegação argentina, encabeçada pelo presidente do país sul-americano, Alberto Fernández, foi recebida pela presidente do NDB, a ex-mandatária brasileira Dilma Rousseff (2011-2016).
Horas depois do encontro, através de uma nota, o NDB manifestou que o início do processo de adesão da Argentina “reafirma o nosso compromisso em promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação global”.
Por sua parte, o presidente argentino ressaltou que “o NDB é fundamental para prover financiamento a países de economias emergentes, e uma grande oportunidade para o futuro da Argentina, com um novo passo rumo a uma arquitetura financeira mundial inclusiva, com mais países envolvidos”.
Fernández também destacou seu reencontro com Dilma, referindo-se a ela como “minha sempre respeitada e querida amiga, a quem agradeço por facilitar a entrada do nosso país a este importante bloco”.
Novo Banco de Desenvolvimento
Dilma Rousseff e Alberto Fernández se reuniram em Xangai durante oficialização do pedido de adesão da Argentina ao NDB
Futuro da Argentina
Apesar da ajuda de Dilma para a adesão da Argentina ao NDB, e do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para a inclusão do país vizinho como novo membro do Brics+ – decisão que foi anunciada em agosto, na última cúpula do bloco, em Johanesburgo –, essas novas alianças estão em risco de serem abandonadas, dependendo do resultado das eleições presidenciais argentinas, que realizarão seu primeiro turno no próximo domingo (22/10).
A dúvida se centra na possibilidade de vitória do candidato de extrema direita Javier Milei, do partido A Liberdade Avança, que lidera algumas das pesquisas de intenção de voto, superando o peronista Sergio Massa, aliado de Fernández, e a conservadora Patricia Bullrich, que representa o setor político do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019).
Em diversas entrevistas, Milei assegurou que, caso seja eleito presidente, a Argentina irá cortar relações com os países que ele considera como “comunistas”, incluindo a China (que realmente é governada pelo Partido Comunista local) e o Brasil.
Curiosamente, os dois países são os maiores parceiros comerciais de Buenos Aires: os dois maiores compradores de produtos argentinos, e também os dois maiores exportadores de produtos comprados pela Argentina.
Além disso, Milei assegura que, caso ele chegue à Casa Rosada, o país abandonará o Brics e colocaria em dúvida até mesmo sua continuidade do Mercosul. O candidato disse que seu projeto pretender fortalecer laços apenas com países do “mundo civilizado”, mencionando Estados Unidos, União Europeia e Japão como prioridades de sua política externa.