A maior vencedora das eleições para o Parlamento Europeu na França será
a abstenção. Segundo as pesquisas de opinião, somente 39% do eleitorado francês
ira às urnas para escolher os eurodeputados. Na França, como na maioria dos
países europeus, o voto não é obrigatório. Se amanhã (7) essa tendência se
confirmar, nunca uma eleição européia terá interessado tão pouco a população.
Algumas razões podem explicar o descrédito das
eleições para a instituição parlamentar da União Européia. As pessoas não
entendem profundamente o funcionamento do Parlamento e acreditam ser muito
burocrático e com pouca repercussão na política nacional. A contradição é que o
poder do Parlamento europeu só cresceu nos últimos 30 anos.
“A crise econômica e o medo do desemprego
também deixaram em segundo plano o interesse pelas eleições européias” analisa
Thierry Chopin, diretor de estudos da Fundação Robert Schuman. Os franceses
estão muito preocupados com a crise e não vêem nenhuma solução para ela na
Europa.
Teste para Sarkozy
Outro ponto é a atitude de alguns políticos,
que não têm nenhum interesse pela União Européia e utilizam a campanha como
palanque eleitoral. Na França, o maior exemplo é a candidatura da ex-ministra
da Justiça, Rachida Dati, que foi obrigada a deixar o governo para disputar um
lugar no Parlamento.
Essa eleição será um teste de popularidade para
o governo de Nicolás Sarkosy. Seu partido, a UMP (União para um Movimento
Popular), lidera as pesquisas com 26% das intenções de voto, seguido pelo OS
(Partido Socialista) (21%).
“Temos uma direita que não diz claramente
o que ela defende. É uma direita camuflada, que só quer falar de segurança
pública para maquiar seu fracasso econômico e social”, afirma a secretária
nacional do Partido Socialista, Martine Aubry em entrevista à radio France
Inter.
Pequenos partidos
Para o Partido Socialista francês, essas
eleições também são um momento importante. Ele tem que evitar um maior
desgaste, já que as disputas internas quase o destruíram. Segundo alguns
especialistas políticos, se o PS fizer menos de 20%, Martine Aubry terá
dificuldades de manter o controle do partido contra a ex-candidata Ségolène
Royal e o prefeito de Paris, Bertrand Delanoë.
Outra ameaça para o PS, é o numero de pequenos
partidos de esquerda que disputam essas eleições, juntos, eles contabilizam 22
% das intenções de voto.
“Quanto mais fraca for a participação, mais os
pequenos partidos serão vencedores” explica Jacki Davis, diretora de comunicação
do Centro de Política Européia em Bruxelas.
Por conta da crise econômica, questões
estritamente européias desapareceram do debate político. A situação pode causar
uma generalização de votos de protesto contra as políticas liberais, que vêm
dominando a União Européia nos últimos anos. Mas também pode provocar votos
nacionalistas em favor de políticas mais protecionistas e conservadoras.
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