A radicalização da extrema direita alemã não é novidade, mas a operação inédita realizada na manhã desta quarta-feira (07/12), na Alemanha, contra um grupo terrorista suspeito de querer tomar o poder, vai além dos perigos regularmente mencionados.
Três mil policiais em 11 das 16 regiões alemãs, 25 prisões, um total de 52 suspeitos: esta é a maior operação contra uma rede terrorista na Alemanha desde a guerra. O grupo queria nada menos que a tomada do poder e um ataque ao Parlamento alemão (o Bundestag) havia sido planejado no ano passado.
Entre os suspeitos, há muitos membros do Reichsbürger – considerado “pouco relevante” pelas autoridades durante bastante tempo -, que rejeita as atuais instituições alemãs
Uma ex-deputada do partido de extrema-direita AfD no Bundestag também está entre os suspeitos; ela havia se tornado novamente juíza em Berlim.
Um perigo antigo, mas muito real
A presença de ex-soldados ou ainda membros ativos do Bundeswehr, o exército alemão, é preocupante. Não é a primeira vez e significa que o grupo terrorista incluía pessoas com know-how militar e, se necessário, um braço armado.
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Presença de ex-soldados ou ainda membros ativos do Bundeswehr, o exército alemão, é preocupante
Esta operação de grande envergadura confirma a radicalização de parte da extrema direita alemã disposta a usar a violência, perigo para o qual as autoridades alertam há vários anos.
Kremlin nega envolvimento
“Nenhuma interferência russa”: o Kremlin negou, nesta quarta-feira, qualquer ligação com os membros de um grupo de extrema direita e conspiratório presos. “Este é um problema interno na República Federal da Alemanha, eles próprios veem que nenhuma interferência da Rússia pode ser mencionada aqui”, reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Segundo o Ministério Público alemão, um dos organizadores desta célula contatou “representantes da Federação Russa na Alemanha”. Mas, de acordo com as investigações feitas até agora por Berlim, nada indica que esses interlocutores russos tenham reagido positivamente ao pedido.
Na quarta-feira da semana passada (01/12), a Embaixada da Rússia em Berlim havia enfatizado que não tinha nenhuma ligação com organizações “terroristas” ou “ilegais” na Alemanha, poucas horas após o anúncio do desmantelamento desse grupo conspiratório.