“De um lado, alianças excludentes renascem e acirram tensões, e de outro África e América Latina se unem para revitalizar a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul”, declarou Lula durante o fórum Brics Plus nesta quinta-feira (24/08).
“É hora de revitalizar a cooperação entre os países em desenvolvimento”, reconheceu o presidente. Criada em 1986, a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) une países de ambas as costas do oceano Atlântico Sul para garantir a exclusão de armas nucleares e eliminação da presença militar estrangeira na região.
O brasileiro ainda denunciou que “o mundo é mais complexo do que sugere a lógica de Guerra Fria que alguns querem reinstaurar”.
Segundo ele, essa realidade é evidenciada pela “presença de dezenas de líderes do Sul Global” na reunião do Brics Plus. Para a 15ª Cúpula do bloco, em Joanesburgo, a África do Sul convidou diversas nações africanas e da América do Sul para a reunião, além da participação de países que manifestaram interesse em integrar o bloco.
Durante seu discurso, o presidente brasileiro lamentou os retrocessos na situação social e econômica mundial, lembrando a falta de avanço e até estagnação dos esforços para atingir as metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, proposta pela Assembleia Geral da ONU.
“Estamos sob o risco de uma guerra nuclear. O mundo andou para trás”, reconheceu Lula. Para ele, as promessas da globalização não se cumpriram, deixando nações inteiras “polidas por dívidas impagáveis” e sujeitas à imposição de altos juros e “condicionalidades que estreitam o espaço de atuação do Estado”.
Lula ainda denunciou que o “sinal mais evidente que o planeta se tornou um lugar mais desigual é o crescimento da fome e da pobreza que não são tratados com a emergência que merecem”.
Porém sugeriu que “muitas das respostas que procuramos para construir um mundo mais equitativo estão na África”.
Flickr/Palácio do Planalto
Durante seu discurso, presidente brasileiro lamentou retrocessos na situação social e econômica mundial
Essa não é a primeira vez que o presidente brasileiro menciona uma reaproximação com o continente africano na cúpula do Brics. No fórum empresarial do bloco, na terça-feira (22/08), Lula reconheceu que dentro de seus esforços diplomáticos com o mundo todo, faltava “o retorno à África”.
“O Brasil está de volta ao continente de que nunca deveria ter se afastado”, declarou o mandatário na ocasião em que também considerou importante a colaboração com os países africanos para planos de sustentabilidade.
“Com minha vinda à África do Sul — de onde seguirei para Angola e para São Tomé e Príncipe —, pretendo inaugurar uma nova agenda de cooperação entre o Brasil e a África. Vamos retomar nossa vocação universalista e reconstruir nossos vínculos históricos com os países em desenvolvimento”, afirmou Lula.
Nesse contexto, o presidente brasileiro anunciou o apoio à entrada da União Africana no G20, grupo das maiores economias mundiais, que será presidido pelo Brasil a partir de 1º de dezembro de 2023.
Brics plus
Durante seu discurso, Lula também deu as boas-vindas aos novos membros do Brics.
“Ressalto a ampliação do BRICS, com a inclusão de novos membros. Como indicou o Presidente Ramaphosa [África do Sul], é com satisfação que o Brasil dá as boas-vindas ao Brics a Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã”, comentou sobre a adesão dos novos integrantes a partir de 2024.
Ele também destacou a maturidade do bloco, destacando estar impressionado com os resultados alcançados.
“Neste mundo em transição, o Brics nos oferece uma fonte de soluções criativas para os desafios que enfrentamos. A relevância do bloco é confirmada pelo interesse crescente que outros países demonstram de adesão ao agrupamento”, destacou.
(*) Com Sputniknews