Nesta quarta-feira (19/11), quando é comemorado o segundo aniversário do início dos diálogos de paz na Colômbia, e em meio à suspensão unilateral das conversas por parte do governo colombiano, ambas as partes envolvidas no conflito ressaltaram os avanços obtidos nas negociações realizadas em Havana. O presidente Juan Manuel Santos disse, durante cerimônia de entrega de terras, que quer “continuar com as negociações” e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em coletiva de imprensa concedida em Cuba, avaliaram que o processo é “altamente favorável à saída política” do conflito que se estende no país há 50 anos.
Presidência Colômbia
Santos participou nesta quarta de entrega de terras às vítimas do conflito em Ataco, no estado de Tolima
Em declarações proferidas durante cerimônia de entrega de terras às vítimas do conflito, nesta quarta (19/11), o presidente Santos reconheceu que os Diálogos de Havana avançaram “como nunca antes” para a solução do conflito e afirmou que quer “continuar com as negociações para terminar este absurdo conflito que tem sangrado a Colômbia”. Ele ressaltou ainda a importância de alcançar a paz de forma que ela seja “sustentável e duradoura”.
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O mandatário, que suspendeu os diálogos no domingo (16/11), após o anúncio de que o general Rubén Darío Alzate e outras duas pessoas foram capturados por insurgentes, disse esperar que o “impasse se resolva logo” e afirmou que tentativas anteriores de terminar o conflito fracassaram porque “talvez a vontade política não estivesse presente”. Santos, no entanto, não mencionou qualquer data para que o processo seja retomado.
De Havana
Na mesma linha, durante coletiva de imprensa concedida hoje, o porta-voz da guerrilha na mesa de diálogos, Iván Márquez, fez um balanço dos acordos que já foram firmados em três dos cinco pontos na agenda e avaliou que o processo é “altamente favorável à saída política” já que hoje “há mais confiança entre as partes”.
Agência Efe
Integrantes da Mesa de Diálogos das FARC permanecem em Havana, trabalhando, mas sem a presença dos representantes do governo
Ele ressaltou ainda a necessidade de que seja firmado um cessar-fogo bilateral entre a guerrilha e o governo colombiano. “Não é sensato que continuemos nos matando em uma confrontação, que se não for parada, gerará prisioneiros e incidentes que podem colocar em risco a continuidade dos diálogos”. Segundo ele, o maior obstáculo nas negociações é a recusa por parte do governo do país de firmar o cessar-fogo bilateral, tal como defendido por diversos setores da sociedade colombiana.
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Na sequência, comentou a detenção do general Alzate: “o governo, tendo ordenado acirrar a ofensiva contra a insurgência, quando recebe golpes que envolve a captura de prisioneiros, tal como ocorreu [com o general] (…), suspende os diálogos. Não é admissível que quem declara guerra sem quartel, em meio a ela queira que seus soldados e generais sejam intocáveis”, afirmou.
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Márquez pontuou que os insurgentes defendem um “armistício” porque estes “são concebidos como preâmbulos dos acordos finais de guerras” e que o uso da definição demonstra que estão buscando “o fim do conflito por meio de uma resolução política”.
Questionado sobre a possibilidade de o processo ser retomado até o final do ano, Márquez disse que a decisão está nas mãos de Santos e ressaltou que a equipe das FARC em Havana segue trabalhando diariamente. “Nos preocupa muito o tema das vítimas. Estamos trabalhando intensamente”, afirmou.
Com relação à libertação de Alzate, Márquez ressaltou que a decisão será tomada pelo chefe máximo da guerrilha, Timoleón Jiménez, o “Timochenko”.