Quinta-feira, 19 de junho de 2025
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O Congresso dos Estados Unidos aprovou, na noite desta quarta-feira (10/12), uma lei que impõe novas sanções contra 56 funcionários venezuelanos acusados de supostamente violar direitos humanos durante as manifestações ocorridas em fevereiro deste ano no país e que deixaram um saldo de 43 mortos. A decisão foi prontamente criticada pelo governo venezuelano. O presidente Nicolás Maduro disse que “exige respeito e não aceita sanções imperialistas”. Já o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, classificou a decisão como “arbitrária e imoral”.

Maduro afirmou, nesta quarta (10/11), que a medida corresponde a um lobby feito pela direita norte-americana e que a “Venezuela exige respeito e não aceita sanções imperialistas, apesar de desejar melhorar as relações com os Estados Unidos”. Em declarações à estatal VTV (Venezolana de Televisión), o mandatário se dirigiu a seu homólogo Barack Obama, chamou as medidas de “loucura” e ressaltou que a “Venezuela não se deixa intimidar com sanções”.

Agência Efe

“Indignação e repulsa é o que sente nosso povo diante das ameaças da Casa Branca”, disse Maduro

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Durante participação em seu programa na VTV, Cabello afirmou que o país rechaça as sanções, consideradas como “arbitrárias e imorais”, porque os Estados Unidos “não têm nenhuma competência para sancionar ninguém mundo”.

Cabello comentou que os Estados Unidos “até esses dias mantinham pessoas de pé, sem dormir, [na prisão de Guantánamo]. Aplicavam o que a CIA chamou de interrogatório melhorado” e, com base no relatório divulgado nesta semana pelo Senado –o qual acusa a CIA de usar técnicas “brutais” de interrogatório -, questionou a legitimidade dos Estados Unidos para punir supostas violações aos direitos humanos.

Na mesma linha, o ministro venezuelano de Relações Exteriores, Rafael Ramírez, classificou como “inaceitável” a decisão, que mostra a “dupla moral” de Washington, que bombardeia o Oriente Médio e ao mesmo tempo impõe sanções contra Rússia e Venezuela.

Agência Efe

 Líderes chavistas atribuem os distúrbios violentos à oposição, liderada por Leopoldo López, do partido Vontade Popular

Sanções

A imposição de sanções contra 56 funcionários dos Estados Unidos foi encaminhada para Obama, que deverá sancioná-la, uma vez que a Casa Branca já sinalizou não ser contrária à adoção de restrições à Venezuela. A iniciativa, adotada na segunda-feira (08/12) pelo Senado, passou de forma unânime pela Câmara de Representantes nesta quarta-feira (10/11).

A medida proíbe a entrada nos no país de supostos responsáveis por violações de direitos humanos e bloqueia seus bens em território norte-americano.

Maduro afirmou que ação corresponde a lobby feito pela direita nos EUA; funcionários do governo foram proibidos de entrar no país e tiveram bens bloqueados

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De acordo com a congressista Ileana Ros-Lehtinen, que apresentou o projeto à Câmara, a votação envia aos venezuelanos um “forte sinal” de que “o Congresso norte-americano escuta, vê e sente seu sofrimento”.

Apesar do forte lobby para que o governo norte-americano adotasse medidas contra a Venezuela, até junho a Casa Branca era contrária às sanções por considerar que havia diálogo entre Caracas e a oposição.

Mas, em julho, o visto de alguns funcionários venezuelanos foram suspensos após o que o governo considerou ser o fim das negociações e depois dos incidentes diplomáticos entre Caracas e Washington por causa da libertação do general venezuelano Hugo Carvajal, que é requerido pela Justiça norte-americana.

Os Estados Unidos acusam o general de oferecer apoio material e logístico às FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Carvajal foi detido em Aruba, território holandês, por supostos vínculos com o narcotráfico colombiano e apoio à guerrilha. O governo venezuelano protestou e Carvajal foi libertado por possuir imunidade diplomática.