O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu nesta quarta-feira (20/12) o diplomata Alex Saab, libertado após mais de 1.280 dias detido nos Estados Unidos por suposta lavagem de dinheiro.
“Quero dar as boas-vindas a este homem corajoso e patriótico, que resistiu 1.280 dias, 40 meses, às condições mais adversas, mais dolorosas, aos sequestros, às prisões imundas, à tortura física, à tortura psicológica, às ameaças, às mentiras; e depois de 1.280 dias de sequestro, a verdade e a justiça triunfaram”, declarou Maduro sobre o empresário colombiano, naturalizado na Venezuela.
Es un tiempo de reivindicación y Alex Saab ha llegado a su tierra libre, porque ha triunfado la verdad, la perseverancia y la justicia en lo que es justo y honorable, con esa lucha vencimos la infamia, la mentira, persecuciones y campañas. ¡Somos de acero y Venezuela seguirá de… pic.twitter.com/oGF4oRt4oa
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) December 20, 2023
O encontro, que também teve a presença da família do diplomata, aconteceu no Palácio Miraflores, sede do governo, em Caracas, após Saab chegar ao país pelo Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía, no estado de La Guaira.
Após recebê-lo, Maduro declarou que “o único crime de Alex Saab foi superar as sanções [impostas à Venezuela pelos Estados Unidos] para procurar medicamentos em tempos de pandemia”, ressaltando que apesar da prisão do enviado venezuelano enquanto viajava ao Irã a fim de procurar soluções para o país durante a crise sanitária, “todos os remédios, gasolina e comida chegaram ao povo venezuelano”.
O líder também agradeceu os esforços do presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, bem como do governador do estado de Miranda, Héctor Rodríguez, “que lideraram o processo que permitiu o intercâmbio com o governo dos Estados Unidos e o resgate seguro, vivo e livre de Alex Saab Morán”, referindo-se à troca de prisioneiros realizada nesta quarta-feira (20/12), que permitiu a libertação do aliado de Caracas.
Por sua vez, Saab afirmou que “a vida é um milagre constante e hoje o milagre da liberdade e da justiça tornou-se uma realidade”, e agradeceu a todos aqueles que o apoiaram durante a sua detenção.
“Obrigado ao povo da Venezuela. Tenho orgulho de servir este povo e governo, que é humano, leal e não abandona. Um governo que, como eu, nunca desiste”, finalizou.
Nicolás Maduro/Twitter
Maduro declarou que ‘o único crime’ de Saab foi superar as sanções impostas pelos EUA
Maduro provoca Biden: “Venezuela está de pé”
Maduro ainda enviou um recado ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, após Saab ser libertado do território norte-americano: “aqui está a Venezuela de pé, com o seu próprio modelo, independente, soberana, não seremos colónia de ninguém”.
O presidente venezuelano declarou que em conversas com a administração do ex-presidente Donald Trump (2017-2021), a libertação de Saab já havia sido acordada.
“Tínhamos quase tudo pronto, mas ele perdeu as eleições e houve uma mudança de governo, então tivemos que começar tudo novamente”, informou.
Antes de receber Saab, o governo venezuelano veiculou um comunicado, destacando que “o povo o recebe com orgulho depois de ter sofrido três anos e meio de detenção ilegal sob tratamento cruel, desumano e degradante, violando os seus direitos humanos e a Convenção de Viena que confere imunidade diplomática”.
Os Estados Unidos acusavam Saab de lavagem de dinheiro em uma operação realizada pelo empresário do ramo alimentício na Venezuela. Há acusações contra ele também na Colômbia. Além disso, o empresário foi alvo de sanções por parte do governo norte-americano em 2019 e teve alguns bens congelados.
Em junho de 2020, Saab foi detido quando viajava para o Irã, com o intuito de negociar ouro em troca de combustível para a Venezuela. Numa escala para abastecer a aeronave na ilha de Cabo Verde, o empresário foi detido acusado de lavagem de dinheiro e corrupção pelos EUA.
À época da prisão, em 12 de junho de 2020, o governo venezuelano classificou o ato como ilegal, já que Saab viajava como “agente do governo da Venezuela e possuía imunidade diplomática”.
Já o presidente do Parlamento da Venezuela, Jorge Rodríguez, classificou que Saab estava apenas “cumprindo funções” para que conseguisse obter medicamentos e alimentos aos venezuelanos em meio ao “bloqueio mais feroz que a história do nosso país conheceu” quando foi detido.
(*) Com TeleSUR e Brasil de Fato