Após Milei anunciar privatização de petrolífera argentina, ações da estatal crescem 30% em Wall Street

Apesar da atual estabilidade do dólar, o mercado financeiro já reagiu à vitória do candidato ultraliberal da coalizão A Liberdade Avança à presidência da Argentina, Javier Milei, neste domingo (19/11). Segundo o jornal Clarín, as ações da empresa estatal petrolífera YPF em Wall Street, distrito financeiro de Nova Iorque nos Estados Unidos, subiram 34%.

A ascensão das ações ocorreram nesta segunda-feira (20/11) apenas 20 minutos após o início da ronda formal de operações em Wall Street, em especial pelo anúncio do presidente eleito com mais de 55% dos votos de que a estatal YPF será privatizada em seu governo, com início em 10 de dezembro. 

Em entrevista à Rádio Mitre e veiculada pelo Clarín, Milei afirmou que “tudo o que puder estar nas mãos do setor privado, estará nas mãos do setor privado”, declarando que o primeiro passo será “recompor” a estatal porque em sua análise ela foi “deteriorada” quando nacionalizada.

No entanto, o presidente eleito não informou prazos para que a privatização ocorra, mas adiantou que essa e outras vendas de estatais, como a agência de notícias argentina Telám e a Rádio Nacional, “serão colocadas para criar valor para que possam ser vendidas de uma forma muito benéfica para os argentinos”.  

Apesar das promessas de privatização feitas por Milei, os projetos precisam ser aprovados pelo Congresso argentino, onde sua coalizão não detém maioria: uma bancada de 39 deputados e 7 senadores, sendo necessário que outros partidos e forças apoiem a decisão. 

Nessa conjuntura, apesar de ter perdido as eleições presidenciais com o candidato Sergio Massa, o peronismo se manteve como a principal força do Congresso da Argentina, com 107 deputados e 34 senadores, o que pode atrapalhar Milei em seus planos de privatização. 

Além da reação das ações e bolsa de valores, é esperado que o mercado financeiro manifeste-se em relação à vitória de Milei sobre Massa com novas cotações para o dólar a partir desta terça-feira (21/11). 

A pauta econômica e o tema da dolarização da Argentina, extinguindo o peso local, foram pilares nas campanhas eleitorais, em especial mediante à crise financeira e inflacionária, que passa de 140%.