Javier Milei, da coalizão A Liberdade Avança (LLA), eleito presidente da Argentina após o resultado do segundo turno das eleições, antecipou nesta segunda-feira (20/11) alguns nomes que vão compor seu ministério a partir de 10 de dezembro, data marcada para a sua posse.
O advogado Mariano Cúneo Libarona será o responsável pelo Ministério da Justiça. Carolina Píparo, que foi candidata a governadora da província de Buenos Aires pela LLA, chefiará a Anses (Administração Nacional da Segurança Social). Sandra Petovello tomará o Ministério do Capital Humano, assumindo em conjunto as secretarias de Trabalho, Educação, Saúde e Desenvolvimento Social.
Segundo o jornal argentino Página 12, à Rádio Mitre, Milei anunciou a economista Diana Mondino para o cargo no Ministério das Relações Exteriores do país.
O ultraliberal afirmou que já tem o nome do responsável pela AFIP (Administração Federal da Receita Pública) e, também, do ministro da Economia. Milei, no entanto, se recusou a divulgar o nome de ambos.
Sobre o anúncio para a pasta de Economia, o ultradireitista acusou seu oponente, Sergio Massa, do União pela Pátria, ao dizer que “tinha um plano de anunciar hoje”, mas ficou com “o pé atrás” devido ao que classificou como “maldade do ministro”:
“Por conta da maldade do ministro Massa de nos culpar por coisas tomadas pelo atual governo, é que vão atacar o ministro da Economia antes da posse”.
O ultradireitista voltou a azedar seu discurso contra o peronista ao chamá-lo de “canalha” e considerar sua gestão um “desgoverno”:
“Estão nos responsabilizando pelo que vai acontecer quando na verdade esta é a responsabilidade destes quatro anos de desgoverno. Você não pode me culpar por algo que não comecei”.
Também falou em agregar mais um membro ao Supremo Tribunal de Justiça, já que há uma vaga desde a renúncia de Elena Highton de Nolasco, em 2021.
Chegou a mencionar ainda o deputado e ex-ministro Florencio Randazzo e o ex-senador Miguel Ángel Pichetto para espaço no governo, sem detalhar a função.
Já com relação aos ministros da Segurança e da Defesa, Milei indicou que quem será responsável pela nomeação para as pastas será a sua vice-presidente, Victoria Villarruel.
Twitter/Diana Mondino
Diana Mondino, cotada a chanceler de Milei, teve encontro com o presidente eleito um dia após o resultado das eleições
Ainda à Rádio Mitre, nesta manhã (20/11) o argentino reforçou que seu gabinete será composto por oito pastas (Economia, Relações Exteriores, Infraestrutura, Segurança, Interior, Defesa, Justiça e Capital Humano – este último, unido ao Desenvolvimento Social, Saúde, Trabalho e Educação), assim como prometeu durante sua campanha eleitoral. Disse que “todos já estão trabalhando”:
“Vamos surpreender com a equipe que estamos montando; estamos integrando especialistas de vários espaços, mas com a convicção de mudar a Argentina rumo às ideias de liberdade. Os mais talentosos vão ficar lá dentro, não importa de onde venham, o que importa é resolver os problemas dos argentinos”, declarou.
Espaço para macrismo na gestão Milei
Apesar de ter agradecido pelo apoio do ex-presidente Mauricio Macri e a candidata presidencial de centro-direita do Juntos pela Mudança, Patricia Bullrich, para o segundo turno das eleições, Milei não confirmou nenhum nome ligado diretamente aos partidos dos aliados.
No entanto, ao criticar mais uma vez o kirchnerismo, o ultradireitista não descartou seu relacionamento com figuras do Proposta Republicana (PRO) e confirmou que elas fazem parte de uma nova coalizão governamental: “Temos 90% de uma agenda comum e estamos prontos para realizá-la.”
Em outubro, o ultraliberal, após ficar em segundo lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, tinha aberto a possibilidade de Bullrich entrar em seu governo:
“Se quiser somar é bem-vinda, ela foi eficiente no combate à insegurança, por isso não temos problemas”, afirmou Milei em entrevista.
A declaração do então candidato foi extremamente diferente da realizada durante a campanha, quando acusou a oponente de ter colocado bombas em jardins de infância durante a época que era militante do grupo armado de esquerda Montoneros, na década de 1970.
A derrota no primeiro turno das eleições para o peronista de centro-esquerda Sergio Massa fez Milei baixar o tom para ter uma chance de vitória no segundo. O objetivo era a migração de votos ao tentar conquistar parte dos 23% obtidos por Bullrich.
(*) Com Página 12, Rádio Mitre e La Nación