O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, decretou nesta quarta-feira (10/05) uma medida que permite o uso de militares para conter os protestos nas ruas de algumas das principais cidades do país, iniciados no dia anterior, após o anúncio da prisão temporária do seu antecessor, o ex-premiê ultranacionalista Imran Khan.
A medida levou o Exército paquistanês a colocar tropas nas ruas de ao menos três cidades, onde as manifestações de grupos ultranacionalistas têm sido mais intensas: na capital Islamabad; em Rawalpindi [nas proximidades da capital Islamabad, no Norte do país], onde os manifestantes chegaram a invadir uma base militar; e em Lahore, na Região Central do país, cidade natal de Khan e seu principal bastião político.
“O exército vai trabalhar em conjunto com a administração distrital para restabelecer a lei, a ordem e a paz”, afirmou Sharif.
Na terça-feira (09/05), o Tribunal Superior de Justiça paquistanês determinou a prisão de Khan, líder do partido Movimento Paquistanês pela Justiça (PTI, sigla de “Pakistan Tehreek-e-Insaf”, seu nome em urdu, o idioma local) e de sua esposa, Bushra Bibi, acusados de envolvimento em supostos contratos irregulares do governo anterior com magnatas do setor imobiliário. As investigações indicam que há indícios de favorecimento ilegal e desvio de verbas públicas de cerca de 50 bilhões de rúpias paquistanesas [equivalentes a R$ 874 milhões].
Al Jazeera
Forças policiais paquistanesas estão atuando contra protestos desde terça-feira (09/05), governo também designou militares para a tarefa
Horas depois de conhecida a sentença, grupos de apoiadores do ex-premiê iniciaram diversos focos de revolta no país, levando o governo atual a reforçar as medidas de segurança nos principais centros urbanos.
Segundo o canal Al Jazeera, a polícia paquistanesa chegou a divulgar um informe na manhã desta quarta com um balanço dos trabalhos realizados no dia anterior, no qual foram registrados 945 detenções e danos em 14 edifícios governamentais.
Oito dias de detenção
Nesta quarta, o Tribunal emitiu um novo comunicado afirmando que a prisão de Khan e sua esposa é temporária e durará apenas oito dias, nos quais eles e seus advogados defensores deverão prestar esclarecimentos relativos ao caso dos contratos do governo anterior com empresas do setor imobiliário ligadas à família de Bibi.
Porém, a medida não serviu para conter o ímpeto dos grupos de apoiadores de Khan, que voltaram a realizar protestos em diversas cidades do país.
(*) Com informações da Al Jazeera