Sexta-feira, 23 de maio de 2025
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Os militares responsáveis pelo levante no Gabão que depôs o então presidente Ali Bongo Ondimba anunciaram nesta quarta-feira (30/08) a nomeação do general Brice Oligui Nguema como presidente de transição do país centro-africano. 

Segundo a nota veiculada no canal Gabon24, Oligui Nguema foi nomeado “por unanimidade” como presidente do Comitê para a Transição e a Restauração das Instituições, título do grupo dos 12 militares que realizaram o movimento contra Ondimba nesta madrugada. 

“O presidente da transição insiste na necessidade de manter a calma e a serenidade no nosso belo país. Compromete-se a preservar o instrumento econômico que garante a prosperidade social. No alvorecer de uma nova era, garantiremos a paz, a estabilidade e a dignidade do nosso querido Gabão”, declara o comunicado. 

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Nesta linha, o primeiro movimento do presidente nomeado foi a ordem de reestabelecimento de linhas telefônicas por fibra ótica e dos sinais dos canais internacionais de rádio e televisão no Gabão.

A nota ainda informa que a partir da próxima quinta-feira (31/08) os gaboneses poderão “novamente realizar seus negócios livremente entre 6h e 18h”. “A restrição de trânsito permanece em vigor das 18h às 6h até novo aviso”, completa. 

Quem é Oligui Nguema?

Segundo o jornal Al Jazeera, Nguema era comandante-chefe da Guarda Republicana Gabonesa, conhecida por ser a unidade de segurança mais poderosa do país. O nomeado presidente de transição também é primo do mandatário deposto. 

O novo líder servia como ajudante de um comandante da Guarda Republicana do ex-presidente do Gabão Omar Bongo, falecido em 2009 e pai de Ondimba. 

Ademais, o canal catari menciona Nguema como “uma figura poderosa, influente e enigmática” no Gabão, informando que ele é filho de um militar e que, ao longo de sua carreira, treinou em Meknes, no Marrocos.

General Brice Oligui Nguema insistiu na necessidade de 'manter a calma e serenidade' depois que presidente Ali Bongo Ondimba foi deposto em movimento militar

Gabon Review

Nguema era comandante-chefe da Guarda Republicana Gabonesa, conhecida por ser a unidade de segurança mais poderosa do país

“Além das funções militares e diplomáticas, Nguema era visto como empreendedor e também considerado um milionário nos círculos gaboneses”, completa a Al Jazeera sobre o perfil do novo presidente. 

Comitê de transição 

O grupo de 12 militares do Gabão informou a tomada do poder no país na madrugada desta quarta-feira, dissolvendo as instituições do país (Governo, Senado, Assembleia Nacional, Tribunal Constitucional e Conselho Eleitoral) e anulando o resultado das eleições que reelegeram Bongo Ondimba.

O anúncio dos oficiais também ocorreu por meio do Gabon 24, informando que Ondimba havia sido deposto de seu cargo, mas que continuaria com todos os direitos civis. A decisão de remoção do presidente ocorreu após sua terceira reeleição, que concedia-lhe um novo mandato de cinco anos no país. Para os militares, ele não deveria ter direito de ser eleito mais uma vez. 

O grupo se autodenominou “Comitê para a Transição e Restauração das Instituições” e declarou ter o objetivo de acabar com a “contínua deterioração da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos”. Segundo os militares, o levante acontece face ao que chamaram de “graves problemas institucionais, políticos, econômicos e sociais” no Gabão. 

“Reafirmamos o nosso apego ao respeito pelos compromissos do Gabão perante a comunidade nacional e internacional. Povo gabonês, é finalmente a nossa fuga para a felicidade”, declararam os militares, segundo o canal Gabon 24.