O resultado do primeiro turno eleitoral na Argentina, neste domingo (22/10), obrigou o candidato ultraliberal Javier Milei a adotar uma nova estratégia já no discurso que realizou no quartel-general de sua campanha, em um hotel de Buenos Aires, por volta das 23h (hora local).
Em sus primeiras palavras, o fundador e líder do partido A Liberdade Avança enalteceu o que chamou de “melhor eleição da história para os liberais na Argentina”.
“Estamos diante de um fato histórico, uma conquista histórica, em dois anos de partido saímos de fundar o partido para disputar um segundo turno contra o kirchnerismo, a força política mais nefasta da história deste país”, completou o político de extrema direita, que obteve 29,9% dos votos, ficando em segundo lugar no primeiro turno – o percentual, curiosamente, foi o mesmo que ele obteve nas primárias eleitorais, em 13 de agosto, e que, daquela vez, o tornaram o mais votado da jornada.
Já no final dessa introdução, Milei apresentou alguns elementos do que parece ser a sua estratégia de campanha para o segundo turno, ao buscar qualificar o kirchnerismo como “maior inimigo dos argentinos de bem” e pregando uma união entre aqueles que desejam a saída desse setor do governo do país.
Apesar de sua campanha no primeiro turno ter sido marcada por ofensas também contra outros candidatos de direita, o ultraliberal disse estar “disposto a esquecer as minhas diferenças com o objetivo de terminar com o kirchnerismo”.
“Temos que criar uma frente capaz de tirar o kirchnerismo do poder e trazer aqueles que querem promover a liberdade. Os países que seguem as ideias da liberdade progridem, enquanto os que seguem o caminho do populismo e da esquerda enfrentam miséria e repressão”, frisou.
A Liberdade Avança
Milei obteve neste primeiro turno exatamente o mesmo percentual de votação que teve nas primárias, há dois meses: 29,9%
Em seguida, Milei descreveu o cenário do segundo turno como a disputa entre “aqueles que abraçam Cuba e o Hamas”, se referindo a Sergio Massa e à coalizão peronista União pela Pátria, e “os que desejam abraçar o mundo livre”, entre os quais citou os seus próprios seguidores e outros setores de direita: “todos os que queremos mudanças, e que agora temos que trabalhar juntos”.
Bullrich
A conservadora Patricia Bullrich, candidata da coalizão Juntos pela Mudança – setor liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) – ficou em terceiro lugar, com 23,8%.
Após a divulgação do resultado, a ex-ministra da Segurança do governo macrista fez insinuou um possível apoio a Milei no segundo turno, mas evitou dizer isso claramente, afirmando apenas que o mais importante na nova fase da campanha é “derrotar este governo, o pior governo da história deste país”.
A frase remete à administração do atual presidente Alberto Fernández, cujo ministro da Economia é Sergio Massa, candidato mais votado no primeiro turno.
“Não vamos renunciar às nossas convicções. Jamais deixaremos de ser o que somos. Jamais seremos cumplices do populismo e das máfias que destruíram este país”, afirmou Bullrich.
A agora ex-candidata também falou em “ratificar, com toda a força, os valores da nossa causa, que são os valores da república e da transparência, da luta contra a corrupção e da defesa de um país que deve abandonar o populismo se quiser crescer e vencer a pobreza”.