Sem conseguir eleger seu sucessor no pleito de domingo (04/05), o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, parabenizou o vencedor Juan Carlos Varela pela conquista da presidência e prometeu uma “oposição construtiva” ao governo do antigo aliado e atual desafeto. Apesar de ser o vice-presidente do país, Varela não era o candidato apoiado por Martinelli, com quem cortou relações após uma crise institucional em 2011.
Com mais de 80% dos votos apurados, a Justiça Eleitoral panamenha apontou como irreversível a vitória de Varela, com 37%, da aliança “O Povo Primeiro”, formada pelo Partido Pañamenista (de direita) e pelo PP (Partido Popular). O governista José Domingo Arias, ex-ministro da Habitação de Martinelli, ficou em segundo lugar com 32%. Em terceiro, está o centro-esquerdista ex-prefeito da capital Cidade do Panamá, Juan Carlos Navarro, com 28%. A Junta Nacional Eleitoral demorará entre 24 e 48 horas para dar os resultados eleitorais oficiais.
Leia também: Vice-presidente Varela surpreende e vence eleições no Panamá
Agência Efe
“Hoje o Panamá venceu, a democracia venceu”, disse Juan Carlos Varela, vencedor das eleições presidenciais de domingo (04)
“Quero felicitar Varela”, disse Arias para seus correligionários reunidos em seu centro de campanha, para em seguida se comprometer a “seguir perto do país trabalhando para que ele tenha o melhor”. Arias, que liderava a maioria das pesquisas embora reduzindo sua vantagem nas últimas divulgadas, tinha dito minutos antes a jornalistas que devia se “esperar (a apuração) até o último voto”.
Leia mais: “Nenhum dos favoritos propõe mudança no Panamá”, diz analista
“Muito obrigado, que Deus abençoe o Panamá, os felicito por esta eleição democrática que tivemos. Sigamos em uma forma cívica e democrática vendo estes resultados. Hoje o Panamá venceu, a democracia venceu”, dise Varela, após o anúncio do órgão eleitoral.
Repercussão internacional
Declarado novo presidente panamenho, Varela recebeu o reconhecimento de alguns líderes e chefes de Estado latino-americanos. Nicolás Maduro, presidente venezuelano, desejou sucesso ao governo de Varela e expressou o desejo de melhora na relação entre os dois países — Venezuela rompeu laços diplomáticos com o Panamá no mês de março por sua postura na OEA (Organização dos Estados Americanos).
Agência Efe
Correligionários da aliança “O Povo Primeiro” comemoram a vitória de Juan Carlos Varela nas eleições panamenhas
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, também parabenizou o vencedor, mencionando de maneira especial “o ambiente exemplar que rodeou o dia de votação panamenho”.
Leia: Vendido como “a força do novo”, candidato que lidera eleição panamenha propõe continuidade
O presidente colombiano, Álvaro Uribe — por quem Varela não esconde sua admiração —, também felicitou o panamenho “por seu triunfo” no pleito. “Reiteramos nossa vontade de continuar trabalhando pelo desenvolvimento da agenda bilateral”, afirma um comunicado do governo colombiano.
NULL
NULL
Rompimento com a presidência
Varela, de 51 anos, católico fervoroso e líder do PPa, chegou à vice-presidência do Panamá, em julho de 2009, junto de Martinelli com a agora extinta Aliança pela Mudança, que com a promessa de pôr “os interesses do país primeiro sobre os interesses pessoais ou partidários” conseguiu 59,97% dos votos. Para isso renunciou à aspiração presidencial para as eleições de maio de 2009 pelo PPa, no qual se filiou quando tinha 14 anos.
Mas a coalizão do governante partido CD (Cambio Democrático) e do PPa se rompeu em 2011 no meio de acusações de corrupção governamental, o que provocou uma crise no gabinete com a renúncia dos aliados de Varela.
Leia: Panamá realiza eleição presidencial sem questionar desigualdade e escassez de indústrias
Agência Efe
Ricardo Martinelli, atual presidente panamenho, rompeu relações com o vice Varela após uma crise institucional em 2011
Martinelli destituiu em 30 de agosto de 2011 Varela do cargo de chanceler, alegando que tinha posto “muitos chapéus”, já que além de vice-presidente e ministro das Relações Exteriores, era presidente do PPa e candidato à presidência nas eleições de 2014, para o qual em princípio contava com o apoio do governante em virtude do acordo ao que tinham chegado em 2009.
A tensão entre ambos subiu em maio de 2012 quando Martinelli pediu ao presidente do PPa que renunciasse à vice-presidência com o argumento de que não fazia nada, ao qual Varela respondeu que ele servia “ao povo e não a um governo corrupto”.
Formado em Engenharia Industrial pelo Instituto Tecnológico da Geórgia, Estados Unidos, Varela centrou sua campanha presidencial na luta contra a corrupção. Além de político, Varela é um destacado empresário panamenho: desde 1985 foi diretor da empresa produtora de licores Varela Hermanos, da qual também foi vice-presidente executivo até janeiro de 2008, e foi acionista de emissoras de rádio.
(*) Com informações da Agência Efe