O processo de impeachment que a presidente Dilma Rousseff enfrenta na Câmara dos Deputados tem mobilizado brasileiros que moram no exterior contra e favor da destituição da mandatária. A reportagem de Opera Mundi foi às ruas em Buenos Aires (Argentina), Cidade do Cabo, Joanesburgo, Pretória (Africa do Sul), Washington, Nova York (Estados Unidos), Paris (França), Londres, Lincoln (Inglaterra), São Petersburgo, Moscou, Kursk, Ufá (Rússia), Santiago e Viña del Mar (Chile) para ouvir de quem mora longe do país as opiniões sobre o possível impedimento.
A Câmara inicia nesta sexta-feira (15/04) o processo de votação, que deve ser concluído no domingo (17/04).
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ARGENTINA – ÁFRICA DO SUL – CHILE – ESTADOS UNIDOS – FRANÇA – REINO UNIDO – RÚSSIA
“Sou contra essa tentativa de impeachment, não porque não acho que temos problemas a serem resolvidos de maneira efetiva, muito pelo contrário, é por achar justamente que, para todo problema complexo, qualquer solução simples será falsa”, diz Felipe Batista, 31 anos, engenheiro de software, engenheiro que mora em Paris.
O galerista Ricardo Fernandes, 47 anos, que mora na capital francesa, já é a favor do impeachment de Dilma. “Eu sou 100% a favor do impeachment. Não dá mais para perdermos tempo com isso. Nós precisamos agora de recuperar este ano inteiro que perdemos para que nós possamos, então, partir para uma outra perspectiva de vida no Brasil”, diz.
O guia de turismo Antonio Moraes, 64, diz que o Brasil “sempre” esteve cercado pelo “fantasma da corrupção”. “Agora, o ponto que eu não apoio o governo da Dilma e do Lula é que eles fazem apologia ao comunismo. Se eles querem continuar com essa ideia, eles deviam ir para Cuba ou para Rússia e deixar o Brasil em paz”, afirma.
Já a estudante Paula Beatriz Mian, 25, afirma que os argumentos que baseiam o pedido de impedimento são “frágeis”. “Se eu fosse congressista, por exemplo, votaria ‘não’; e, como cidadã com representante lá, pediria que meu representante votasse ‘não’”.
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O blogueiro Rafael Maciel, de 25 anos, mora em Londres e se coloca contrário à destituição de Dilma. “O impeachment seria apenas mais um imediatismo e, sinceramente, acho que este é justamente um dos problemas do Brasil: essa fome de resolver as coisas agora, sem se preocupar com o futuro”, opina.
Em posição contrária, Fernanda Anderson, 46, diz que foi “expulsa” do país “por causa do governo Dilma”. “”Sou a favor de novas eleições, e quem me dera se os nossos votos em branco pudessem valer”, afirma.
“Sou a favor do impeachment como forma de trazer uma tranquilidade institucional para que o país possa sair da crise política e voltar a ser governável”, diz Sílvio Ramos, 41 anos, comerciante que mora em Santiago.
Por sua vez, o agente de turismo Alexandre Vieira, 25, que vive em Viña del Mar, se diz contra o processo. “Não chamarei de golpe a manobra da oposição, e sim de desrespeito às normas e valores da Constituição brasileira”, diz.
Agência Efe
Dilma Rousseff enfrenta processo de impeachment no Parlamento; Câmara deve votar se aceita ou não pedido neste final de semana
“O problema agora é: derrubar uma presidente eleita de forma direta pelo povo, usando meios de manipulação em massa. É isso que estão tentando fazer no Brasil”, critica Diego Plácido Costa, 29, estudante de medicina na cidade russa de Kursk.
A bacharel em educação física Flavia Costa, 32, que vive em Ufá, é a favor do fim do governo. “É hora de mudanças em nosso país, de reivindicarmos um país melhor na educação, saúde, segurança, transporte e afins. E isso só acontecerá se tivermos políticos que façam isso acontecer, pois a mudança deve vir de cima”, afirma.
“O PT ganha eleição com marketing. Aqui eu trabalho duro, mas consigo comprar um carro e pagar minhas contas. Mas, no Brasil, o PT distribui Bolsa Família porque o povo não gosta de trabalhar”, diz a advogada Marília Martone, 55, moradora de Johannesburgo, que é a favor do impedimento.
Já o estudante Anderson Barroso de Oliveira, 27, é contra. “Acho importante a alternância de partidos no poder, mas Dilma foi eleita democraticamente, e a meu ver a história das pedaladas fiscais não justifica seu impeachment”, diz o morador de Pretória.
A diretora de coral Julia Cavalcante, 33, mora em Buenos Aires e diz que um eventual impeachment seria golpe. “Com a saída de Dilma e a chegada do Temer à presidência todos os processos [sobre corrupção] serão engavetados. É ingenuidade achar que mesmo a Lava Jato terá continuidade.”
A estudante de medicina Thais Câmara, 21, moradora da capital argentina, discorda e se diz a favor do impedimento. “Acho que, com o PT, já deu o que tinha que dar. É muita covardia com o povo brasileiro um partido que se diz eleito pelo povo, que diz lutar pelo povo, se virar contra o próprio povo e começar a roubar”.
Com reportagens de: Aline Gatto Boueri (Buenos Aires); Amanda Lourenço (Pretória); Anita Freitas (Nova York e Washington); Márcia Bechara (Paris); Rachel Costa (Londres); Sandro Fernandes (Moscou); e Victor Farinelli (Valparaíso).