O governo da Argentina se recusou nesta terça-feira (13/10) a assinar uma declaração emitida pelo Grupo de Lima, organização formada em 2017 por 14 países, incluindo Brasil, Argentina, Colômbia, México e Canadá, que expressa apoio ao deputado opositor e autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó.
A decisão afirma que o país não “reconhece” um “suposto presidente” que “nunca teve o exercício efetivo do governo da República Bolivariana da Venezuela”.
“A Argentina confia na grande vocação democrática do povo venezuelano. Acreditamos que somente por meio dos canais eleitorais pode-se estabelecer de forma pacífica e racional uma via consensual e inclusiva para resolver as diferenças políticas na Venezuela, respeitando sua Constituição”, diz a nota.
O Ministério das Relações Exteriores do país também afirmou que a declaração do grupo é um apelo à “intervenção extrarregional”, podendo gerar “consequências imprevisíveis para a América Latina e o Caribe”.
O governo argentino reiterou seu apoio à Alta Comissária Michelle Bachelet, apontando que “confia na eficácia dos mecanismos de proteção implantados neste marco”.
Wikimedia Commons
Governo argentino declarou que respeitará os princípios de não ingerência em outros países
“A Argentina reitera mais uma vez que o papel da comunidade internacional, em uma situação especialmente agravada pela pandemia da covid-19 e pelas sanções unilaterais e bloqueios físicos e financeiros que afetam os setores mais necessitados, deve ser o de colaborar na facilitação do diálogo entre as partes”, afirma a chancelaria.
A declaração emitida pela organização tem como intuito fazer valer um relatório encomendado pelo Grupo de Lima que apontou supostos casos de violação dos direitos humanos na Venezuela. O documento foi realizado por pesquisadores independentes que se basearam em entrevistas com venezuelanos feitas à distância e que não visitaram o país.
Em resposta ao documento, Caracas publicou um relatório intitulado “A verdade da Venezuela contra a infâmia: dados e testemunhos de um país sob assédio” denunciando as tentativas de manipulação na política interna venezuelana feitas por forças estrangeiras norte-americanas que buscam intervir no país.