Assim como esta, diversas outras páginas e eventos foram criados nas últimas semanas na rede social contra o grupo, que reúne partidos políticos e organizações da esquerda latino-americana. Criado em 1990, os encontros anuais servem para discutir e promover a integração econômica, política e cultural da região. Nesse ano, o Foro acontece em São Paulo, de 31 de julho a 4 de agosto.
Detalhe curioso é que a foto de exibição da comunidade é do ex-presidente Lula, trajado nas roupas e com o aspecto sombrio de Don Vito Corleone, “o poderoso chefão”, clássico personagem fictício do romance de Mario Puzzo – adaptado ao cinema por Ford Coppola. São mais de dois mil “curtir” à página.
Divulgação Facebook
Página inicial da página contra o Foro São Paulo
“Enquanto essa turma do Foro São Paulo estiver no poder, não há horizontes para a América Latina. Não haverá projeto de país, não haverá projeto de indivíduo… (Eles) só visam ganhar poder, com as alianças mais imorais possíveis entre as instituições humanas. Governos ligados à MIR, FARC, Sendero Luminoso… onde vocês acham que vamos chegar”, indagam na página após publicar foto de Dilma e Cristina Kirchner.
A direção do Foro São Paulo acredita que a maioria das pessoas que protesta contra o evento “tem a cabeça na década de 50, promovendo o pensamento da esquerda diabólica, com teorias da conspiração e sobre um golpe comunista do país”.
[Cartaz distribuído em São Paulo contra realização do evento]
“É muita desinformação que vemos nessas páginas. É assustador do ponto de vista intelectual que algumas pessoas acreditem em golpe comunista ou que o Foro São Paulo tenha a intenção de tomar o poder. Desde 1998, todos os líderes ligados ao Foro foram eleitos de forma democrática por mecanismos que eles (de direita) criaram”, afirmou a Opera Mundi o secretário-executivo do Foro SP, Valter Pomar.
São grupos de diversas naturezas que atacam a organização do evento: “mulheres conservadoras”, “comando de caça aos corruptos“, “direita realista“, “direita política“, “marcha da família” e, até mesmo, “meu professor de história mentiu pra mim“. O ponto em comum entre todas elas, além é claro da oposição ao Foro SP, é a agenda conservadora em relação às questões vitais dos direitos civis.
O que chama a atenção é que, pela primeira vez desde a fundação do Foro São Paulo, os olhares conservadores se voltaram para o evento. Pomar, no entanto, afirma “não ser possível ter com precisão se a oposição ao evento é orquestrada” ou não.
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Reprodução Facebook
Conservadores são opositores da realização do Foro SP
Em alguns dos textos compartilhados, os opositores apresentam teorias que a mídia privada – como o Jornal Nacional da TV Globo, por exemplo – está omitindo o evento com o objetivo de “não deixar a população brasileira saber sobre a possibilidade do golpe de esquerda”.
Opera Mundi procurou os responsáveis pelas páginas do Facebook, mas até o fechamento não houve resposta.
“Não há problema em manifestar seu pensamento. Porém, quando isso se converte em ameaças e tentativas de impedir a realização do Foro São Paulo, nós temos um ato violento. Esse é um discurso fora da lei”, ressaltou Pomar.