Em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera publicada nesta quarta-feira (30/08), o diplomata ucraniano Mikhail Podolyak, conselheiro do chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, acusou o papa Francisco de ser “uma ferramenta de propaganda da Rússia” e de apoiar o “mundo russo”.
A declaração do assessor ucraniano se baseia no não alinhamento do pontífice com as propostas de Kiev para lidar com o conflito que os dois países vizinhos mantêm desde fevereiro de 2022.
“Se avaliarmos as frases do papa com a mente aberta, veremos que são um incentivo incondicional ao imperialismo agressivo, um aplauso à ideia sangrenta do ‘mundo russo’, que implica na destruição brutal das liberdades e dos estilos de vida de outros”, afirmou Podolyak.
O conselheiro ligado a Zelensky também criticou um dos discursos de Francisco, realizado em março deste ano, no qual o religioso disse que “o conflito na Ucrânia está sendo promovido por interesses de vários impérios, não só da Rússia”.
“Essa frase nos obriga a perguntar o que é a Igreja Católica, o que é o cristianismo”, comentou o funcionário de Kiev.
Presidência da Ucrânia
Mikhail Podolyak disse que o papa Francisco “nos obriga a perguntar o que é a Igreja Católica, o que é o cristianismo”
Podolyak também deixou claro na entrevista que Kiev não gostou do fato de o líder do Vaticano ter participado, há uma semana, de um evento por videoconferência com jovens católicos ortodoxos russos.
Em comunicação com os participantes de um encontro que se realizava em São Petersburgo, Francisco incentivou os presentes a “não esquecerem a sua grande herança e a seguirem o exemplo de figuras históricas do Império Russo”. Em seguida, citou dois dos mais famosos czares da Rússia: Pedro, o Grande (1672-1725) e Catarina II (1762-1796).
A declaração do papa gerou polêmica na mídia ucraniana e internacional. Na ocasião, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, chamou as palavras de Francisco de “propaganda imperialista”.
Por sua vez, os representantes da Igreja Católica em Kiev rechaçaram essas alegações e afirmaram que o pontífice se opõe a qualquer forma de imperialismo ou colonialismo.
Com informações de Corriere della Sera e RT.