O armazém humanitário criado pelo governo federal, localizado atrás de uma grande bandeira brasileira num hangar de carga do aeroporto do Galeão, terá 14 toneladas (350 caixas) de alimentos não perecíveis, que serão doados a diferentes países em caso de calamidades ou desastres naturais. É o suficiente para alimentar 2.400 adultos e 1.400 crianças durante dez dias, segundo fontes do Itamaraty.
Um pequeno desenho nas caixas mostra três pessoas – cada uma pintada com uma cor da bandeira brasileira – formando um círculo, simbolizando a solidariedade entre os povos. As caixas contêm refeições de alto valor calórico e protéico, prontas para o consumo: sardinha e fiambre bovino enlatados, leite em pó, biscoitos, macarrão instantâneo, farinha de milho em flocos e açúcar cristal.
“No caso destes alimentos, que são de primeira necessidade e de alto conteúdo calórico, tivemos que comprar produtos industrializados”, conta Milton Rondó Filho, coordenador-geral de ações internacionais de combate à fome. “Mas o governo procura privilegiar os produtos provenientes da agricultura familiar, por serem mais adaptados. No ano passado, a totalidade da comida que mandamos para Moçambique e Zâmbia vinha da agricultura familiar”.
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Outra prioridade do programa humanitário é facilitar o desenvolvimento próprio da agricultura e das empresas locais. “Se com uma mão a gente entrega alimentos, com a outra leva sementes para que o país rapidamente se recupere”, explica Rondó.
Ideologia
A orientação das embaixadas brasileiras no exterior, quando recebem recursos para comprar bens de assistência humanitária, é de buscar produtos provenientes de empresas social e ambientalmente responsáveis. Paralelamente, o Brasil insiste em mandar sementes que sejam abertas, ou seja, sem propriedade intelectual, que não requisitem pagamento de royalties.
“É uma posição ideológica. Porque a dominação no campo da agricultura é muito grande, e muitas vezes começa já no campo das sementes”, diz o diplomata. O Grupo de Trabalho Interministerial de Assistência Humanitária Internacional fechou acordos com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para a fabricação das sementes e a formação de agricultores nos países castigados pelas catástrofes.
A próxima etapa do programa é incluir medicamentos no armazém. O Brasil já mandou para a Palestina antibióticos, antihipertensivos, anestésicos, antidiabéticos e analgésicos, além de seringas e outros instrumentos de primeiros-socorros. A importância crescente de laboratórios farmacêuticos no país facilita a produção dos remédios. Como no caso da comida, os problemas para envios rápidos são essencialmente burocráticos. A decisão depende da aprovação de um projeto de lei que está no Congresso.
Confira a caixa com o símbolo da solidariedade entre os povos:
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